Great Scott #318: Primeiro campeonato europeu da 1.ª divisão com penáltis para desempatar os jogos?

Noruega

Moss é uma cidade costeira, com 32 mil habitantes. A sua ligação ao futebol é escassa, razão pela qual o clube anda pelas ruas da amargura e a tentar manter-se na 3.ª divisão – a última experiência na 1.ª já remonta há mais de 20 anos, em 2002.

No século passado, em 1987, o Moss rompe com o sistema e sagra-se campeão norueguês pela única vez. A proeza é ainda maior se considerarmos a condição de recém-promovido. É verdade, o Moss acabara de subir da 2.ª. A magia está no trabalho de Nils Arne Eggen, o maior treinador norueguês de sempre com um total de 15 títulos de campeão da 1.ª (uma pelo Moss e 14 pelo Rosenborg, com o qual vai a oito edições seguidas da Liga dos Campeões, numa das quais elimina o Milan na fase de grupos em pleno Giuseppe Meazza).

É o ano sui generis para o futebol norueguês. Além dos inovadores três pontos por vitória, não há cá empates – se os jogos acabarem x no totobola, é obrigatório um desempate por penáltis. É o Moss o único campeão nessas condições, com 13 vitórias, seis derrotas e três desempates. Nesses três, duas vitórias (10:9 vs Rosenborg e 4:2 vs Start), uma derrota (7:6 vs Tromsö).

O inédito título é celebrado na derradeira jornada, vs Molde (segundo classificado) em Molde, onde se regista a maior enchente de sempre com um total de 14.793 espectadores. Ao intervalo, 0:0. Na segunda parte, o Moss marca por Bachke (59’) e Henaes (89’).

Acaba 0:2 para alegria dos visitantes, já vencedores do jogo da primeira volta, por esclarecedor 5:0 (Henaes volta a marcar, tal como Bachke, este em dose dupla). Tanto um como outro acabam a época no top 10 dos melhores marcadores da 1.ª divisão, num ranking liderado pelo companheiro Fjaerestad com 18 golos, mais sete que o vice Holtet (Kongsvinger). A epopeia significa a terceira (e última) presença do Moss na UEFA, a primeira na Taça dos Campeões. Sai-lhe o Real Madrid, vitorioso no Bernabéu (3:0) e em Moss (1:0) com Butragueño a marcar nos dois palcos.