Ali Daei. ‘Pedia à minha mãe para acordar-me de madrugada e ver o Irão no Mundial-78’

Mais You Talkin' To Me? 06/26/2021
Tovar FC

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Ali Daei. ‘Pedia à minha mãe para acordar-me de madrugada e ver o Irão no Mundial-78’

Ali Daei é só o maior. Ninguém no mundo marca tantos golos como ele a nível de selecções (109). E ninguém no mundo consegue interromper o treino do Irão como ele.

Dono de um recorde inultrapassável de 109 golos pela selecção, Ali Daei mantém a forma e esbanja charme entre os presentes, Carlos Queiroz incluído. A admiração é mútua. Espera lá, 109 golos. Como assim? Ali Daei começa a marcar em Junho 1993 e só pára em Março 2006. Pelo meio, dez bis, cinco hat-tricks, quatro póqueres e um penta (7-0 ao Sri Lanka).

Dos 109 golos, cinco vs Europa (Bósnia-3, Ucrânia, Macedónia), quatro vs América do Norte e Centro (Canadá, Panamá, Costa Rica, México), dois vs América do Sul (Paraguai, Equador), dois vs Ásia (Togo, Egipto) e o resto aos asiáticos. Os melhores clientes? Maldivas e Laos, oito cada. O melhor desempenho? Quatro à Coreia do Sul nos ¼ da Taça Ásia 1996.

Ali Daei, senhoras e senhores. Ei-lo ao vivo e a cores, numa rápida entrevista de onze minutos entre inglês e persa.

Com que idade se apercebeu do jeito para o futebol?

Desde muito cedo. Comecei a jogar nas ruas, como qualquer criança, e entusiasmei-me. A minha primeira memória é uma bola de futebol, portanto só podia dar jogador.

Do que se lembra da primeira participação do Irão no Mundial, em 1978?

Tinha nove anos e lembro-me perfeitamente dos jogos de madrugada no Irão. Pedia à minha mãe para acordar-me a meio da noite, ahahahah.

Quando é que se estreou pelo Irão?

Em 1993, com o Paquistão, para um torneio em Teerão. Só tinha 23 anos e jogava no Persepolis.

Como é que se sente quando olha para o seu currículo e vê 109 golos?

Um sonho, tudo continua a ser um sonho. Incrível.

Qual a maior alegria ao serviço do Irão?

A qualificação para o Mundial-1998, no playoff com a Austrália. Na segunda mão, em Melbourne, estávamos a perder 2-0 até aos 75 minutos e empatámos 2-2 aos 79′. Foi uma alegria imensa, a maior de todas, sem dúvida alguma.

E a maior decepção?

Talvez aquele jogo com o Bahrain, para o 3.º e 4.º lugares da Taça da Ásia-2004. Fomos eliminados pela China nos penáltis e o Bahrain já foi jogado com esforço.

Qual a melhor proposta recusada?

Tive algumas, sim. As mais importantes da Premier League. Só que como estava sem contrato, o negócio nunca se fez [no Irão, não há contratos entre clubes e futebolistas; daí que seja um mercado por explorar, verdade? sem contratos, não há cláusulas de rescisão; sem cláusulas, cadê os empresários? aaaaargggghhhhhhhhhhh]

No Bayern, treinou com Kahn, Effenberg, Matthäus, entre outros. Que tal?

Foi a maior experiência de sempre, estar ali rodeado de quase toda uma selecçao alemã. Só foi pena ter-me aventurado na Europa um pouco tarde, aos 27/28 anos. Se fosse mais cedo, teria outro tipo de sorte. Mas ir para o Bayern fez-me crescer, num clube formidável, cheio de craques mundiais.

Segue-se o Hertha Berlim, porquê?

Acredita, a proposta do Hertha era superior à do Bayern. Como não tinha espaço no Bayern, com tantas individualidades notáveis, acabei por jogar no Hertha e foi onde me destaquei. Joguei muito na Liga dos Campeões e marquei muitos golos [um célebre ao Chelsea, a garantir a vitória por 2-1, e outro famoso ao Milan num 1-1 em pleno Giuseppe Meazza]

Qual é a sua opinião sobre Carlos Queiroz?

Queiroz? Mudou a nossa selecção para melhor e o seu trabalho foi notável, com duas qualificações seguidas, algo nunca visto. E duas qualificações tranquilas, sem sobressaltos, o que é também inédito. Além disso, apresentou-nos jovens de valor, foi buscar recursos que desconhecíamos a equipas menores. É um trabalho de base fantástico.

in Observador, Jun 2018

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