Great Scott #334: Primeiro campeão europeu a acumular Supertaça Europeia e Taça Intercontinental de uma assentada?
FC Porto 1987
É um ano imperdível, o de 1987. Ao fim de 25 anos, Portugal volta a inscrever o seu nome na lista de honra da Taça dos Campeões. Ao bis do Benfica em 1961 e 1962, é a vez do Porto. Nos últimos três jogos, sempre 2:1. Sofre o Dínamo Kiev em dose dupla, primeiro nas Antas, depois em Kiev, e também o Bayern, em Viena.
O Bayern é favorito em tudo: recursos humanos, peso histórico e passado recente, sobretudo pelo 4:1 ao Real Madrid na outra ½ final. No papel, é assim. No campo, é ao contrário. Se bem que o surpreendente golo de cabeça do jovem Kögl garanta a vantagem do Bayern ao intervalo, o furacão Madjer aparece duas vezes em menos de 200 segundos na segunda parte e dá-se a cambalhota no marcador. O 1:1 de calcanhar é ainda hoje um golo icónico, a jogada do 2:1 de Juary é estonteante.
O inédito título de campeão europeu garante-lhe a presença automática na Supertaça europeia, ainda a duas mãos. O adversário é o Ajax de Johan Cruijff, vencedor da Taça das Taças com 1:0 ao Lokomotiv Lepizig, golo do capitão Van Basten, de malas aviadas para o Milan. No seu lugar, um jovem chamado Bergkamp. O Porto liga pouco aos nomes e faz um dos jogos da sua vida em Amesterdão. O resultado magro de 1:0 é pouco, muito pouco para a avalanche ofensiva. A sagacidade de Ivic é incrível. O homem puxa Gomes para o meio-campo e liberta Rui Barros lá na frente. É um ver-se-te-avias, pobre defesa do Ajax, sem rei nem roque. O golo portista é assim mesmo, passe em profundidade de Gomes para a arrancada vitoriosa de Rui Barros, após ultrapassar Menzo, mais líbero que propriamente guarda-redes.
Estamos em Novembro e a segunda mão é só em Janeiro. Pelo meio, há a Taça Intercontinental. Em Tóquio, cai neve. O Peñarol, já vencedor de uma Intercontinental vs Benfica nos anos 60, força o prolongamento com um golo aos 80 minutos, por Vieira, em resposta ao 1:0 de Gomes, a empurrar na linha de golo um remate cruzado de Madjer. No tempo extra, Madjer isola-se e faz um lindo chapéu. A bola amarela ainda trava a meio caminho da baliza e dá uma certa esperança ao guarda-redes Eduardo Pereira. No segundo seguinte, o capitão uruguaio esmorece por completo. A linguagem corporal é mais que evidente. A bola ganha vida e entra junto ao poste. O Porto junta o título de campeão mundial ao europeu, tal como Juventus em 1985 e Bayern em 1974. Só lhe falta a Supertaça europeia, tal como?
Ninguém. Nunca um campeão europeu ganha as três competições de uma assentada. Vira-se o ano e o Porto recebe o Ajax, nas Antas. A vantagem continua de pé, 1:0 desde Amesterdão. E cabe a Sousa confirmar esse estatuto, com um remate ao seu estilo. Repete-se o 1:0, o Porto é dono e senhor da Europa e do Mundo.
1973 Ajax Ajax Independiente
1974 Bayern * Atlético Madrid
1975 Bayern Din Kiev *
1976 Bayern Anderlecht Bayern
1977 Liverpool Liverpool Boca
1978 Liverpool Anderlecht *
1979 Nott Forest Nott Forest Olimpia
1980 Nott Forest Valencia Nacional
1981 Liverpool * Flamengo
1982 Aston Villa Aston Villa Peñarol
1983 Hamburgo Aberdeen Grémio
1984 Liverpool Juventus Independiente
1985 Juventus * Juventus
1986 Steaua Steaua River Plate
1987 FC Porto FC Porto FC Porto
* não se realiza