Great Scott #348: Último português de um clube nacional com hat-trick a jogar fora na UEFA?
Liedson (Sporting)
João Pedro é um goleador em qualquer palco. Na 1.ª divisão, 38 golos. Na 2.ª, 27. Na 2.ª B, 13. Na UEFA, seis. Seis? Nem mais, seis golos. E o incrível é o número de jogos (quatro). Ou seja, média superior a um golo por jogo. Ronaldo? Messi? Ibrahimovic? Eusébio? Di Stéfano? Van Basten? Baaaaaaaah. João Pedro rules.
Atenção agora a esta sequência de ‘como se isso fosse pouco’
Como se isso fosse pouco, o homem é o último português de um clube nacional a marcar três golos fora de casa para a UEFA.
Como se isso fosse pouco, é ao serviço do Santa Clara.
Como se isso fosse pouco, é um hat-trick sem vitória (3:3).
Como se isso fosse pouco, é no mesmo domingo em que o Brasil é campeão mundial (2:0 vs Alemanha)
Como se isso fosse pouco, é no mesmo domingo em que o Butão é o campeão dos pobres (4:0 vs Montserrat)
Como se isso fosse pouco, João Pedro assina o impossível no dia 30 Junho 2002. É seu o 0:1, 0:2 na primeira parte e 1:3 na segunda. O Shirak Gyumri reage e fixa o 3:3. Passa o Santa Clara pelo 2:0 nos Açores – o primeiro golo é de João Pedro, por sinal. Pormenor do arco da velha: o equipamento do Santa Clara na Arménia desvia-se algures em Paris, durante a escala de avião. João Pedro e companheiros entram em campo com a camisola alternativa do Shirak, é só rir.
Bom, isto é antes de me aperceber que João Pedro não é afinal o último português. E porquê? Porque Liedson naturaliza-se em Agosto 2009 e marca três em Heerenveen no mês seguinte. Ya, Liedson, o brasileiro do supermercado, que só vira futebolista profissional aos 22 anos em 2001 e ainda vai ao Mundial-2010 para marcar um golo à Coreia do Norte. Pelo meio, o tal hat-trick em Heerenveen para a fase de grupos da Liga da Europa.
O primeiro da noite é o 1:1, em recarga a uma defesa incompleta do guarda-redes ao forte pontapé de Miguel Veloso fora da área. O 1:2 é uma delícia. Liedson, encostado à direita, liberta-se de um adversário com categoria e avança para Matías, cujo toque de calcanhar apanha Liedson solto de marcação no coração da área. O remate com o pé esquerdo sai-lhe frouxo, o guarda-redes também é frouxo e é golo com a bola a entrar aos bochechos. O hat-trick é consumado a dois minutos do fim e é o 2:3. Moutinho desmarca-se pela direita, pisa a área e centra para a entrada triunfante de Liedson. O seu toque subtil é suficiente.
Todos os hat-tricks de portugueses fora na UEFA
1965 Pedras Dudelange-Benfica
1992 Pacheco Belvedur-Benfica
2002 João Pedro Shirak-Sta Clara
2009 Liedson Heerenveen-Sporting