Great Scott #382: Única equipa da 2.ª divisão a eliminar todos os três grandes na Taça de Portugal?

Great Scott Mais 09/22/2021
Tovar FC

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Great Scott #382: Única equipa da 2.ª divisão a eliminar todos os três grandes na Taça de Portugal?

Vitória FC

Ponto prévio, o Vitória FC é a primeira equipa da 2.ª divisão a atingir a ½ final. E, já agora, a primeira equipa da 2.ª a ir à final. E, já agora (parte ii), a única da 2.ª a chegar à final por duas vezes. Além de 1943, ainda há a epopeia de 1962.

Posto isto, vamos à história do maior tomba-gigantes da história. Maior? Sim senhor, sem margem para dúvida. Veja lá bem, o Vitória FC, campeão invicto da série 11 da 2.ª divisão, apura-se para a final com um 7:0 ao FC Porto. Sete-zero, sem espinhas. Ao intervalo, já há 4:0. Na segunda parte, mais três batatas. E o Porto de Lipo Herczka joga com as suas estrelas, como Pinga, Araújo, Pratas, Gomes da Costa, Anjos, entre outros (excepção feita ao guarda-redes Valongo, suplente de Andrasik e Barrigana). O onze heróico do Vitória é digno de registo. Ei-lo: Idalécio; Montez e Armindo; Paoboco, Figueiredo e Rogério Cruz; Passos, Rendas, Francisco Júlio, Nunes e Amador.

O primeiro golo aparece ao segundo minuto, ainda o Porto não passara do seu meio-campo, porque a bola de jogo sai do Vitória FC e há um canto. O defesa Alfredo atrapalha-se com a bola, facto devidamente aproveitado para Nunes atirar sem hipótese para Valongo. Aos 17’ e 22’, bis de Rendas. É de Amador o quarto da tarde, antes de duas bolas à trave por parte do Porto. Após o intervalo, o Vitória FC volta a marcar no segundo minuto, por Francisco Júlio. Aos 51’, hat-trick de Rendas. E, aos 75’, Nunes fixa o espectacular resultado. Palmas para a equipa de Armando Martins. Ainda para mais, sete-zero é ainda hoje a pior derrota do Porto para a Taça. Memorize a data para um futuro quizz: 13 Junho 1943.

Andamos uns anos, já estamos na década 60. O Vitória FC é o terceiro classificado da 2.ª divisão, zona sul, atrás de Olhanense e Farense. Calha-lhe em sorte o Benfica nos 1/8 final. Na primeira mão, na Luz, 3:1 para o Benfica. Quase um mês depois, a 1 Junho, nos Arcos, o Vitória FC dá a volta ao texto com um espantoso 4:1. Muito se fala da equipa apresentada pelo Benfica por força do inédito título de campeão europeu conquistado na véspera, em Berna, vs Barcelona. Há pedidos para adiar a decisão da eliminatória, só que a federação faz tábua rasa e mantém o primeiro dia de Junho. Quer isso dizer que o Benfica joga sem os titulares (algo que já acontecera na 1.ª mão) nem Guttmann vai ao banco (facto inédito). A novidade benfiquista é Eusébio, finalmente autorizado a jogar após o diferendo entre Sporting e Benfica desde Dezembro 1960, altura do seu desembarque no Aeroporto da Portela.

A bola sai do Benfica e é só. A partir daí, o Vitória FC é dono e senhor do jogo. Há um golo anulado a Pompeu aos 2’ e depois assiste-se ao bis de Quim, aos 6’ e 12’. Na segunda parte, aos 59’, Quim cruza para o 3:0 de Emídio Graça. O Benfica respira fundo e atira-se finalmente à baliza contrária. Aos 64’, Eusébio faz um golo dos deles, em jogada individual desde a linha do meio-campo. O homem livra-se de três adversários e atira certeiro, de ângulo complicado. Aos 76’, penálti para o Benfica por mão na bola de Manuel Joaquim a remate de Amândio. Chamado a bater, Eusébio atira e Félix Mourinho defende. O Benfica vai-se abaixo, o Vitória FC cresce e decide a eliminatória a seu favor com o 4:1 de Pompeu aos 81’. Mais uma vez, o onze de Vitória merece todo o respeito. Ei-lo: Mourinho; Polido e Manuel Joaquim; Jaime Graça, Galaz e Alfredo; Quim, Emídio Graça, Miguel, Pompeu e Cafum.

Andamos uns anos, mudamos de século e tudo. Só falta o Sporting no currículo vitoriano. Terceiro classificado da Liga de Honra 2002-03, o Vitória FC visita o José Alvalade com a ideia clara de surpreender a equipa de Fernando Santos. Até porque os turcos do Gençlerbirligi também o fazem, na Taça UEFA, por eloquente 3:1. Pois bem, o Vitória FC entra bem e marca cedo, aos 7’, pelo central brasileiro Orestes, após canto de Zé Pedro.

O Sporting reage sem pés nem cabeça. As oportunidades de golo escasseiam, a lucidez idem idem. O Vitória joga para a frente e até está perto do 0:2 por Hugo Alcântara. Contas feitas, ganha o melhor. O Vitória FC, mais uma vez. Vai daí, eis o onze dessa noite 17 Dezembro 2003: Marco Tábuas; Hugo Alcântara, Auri, Orestes e Sandro; Jorginho, Zé Pedro, Puma e Bruno Ribeiro; Meyong e Pascal.

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