Great Scott #403: Último brasileiro a marcar golos de livre directo por três equipas da 1.ª divisão?
Valtinho
Começamos com o onze do Brasil vs Portugal no Mundial-66. Na baliza, Manga. Sofre um golo de cabeça de Simões e nunca mais é o mesmo. À defesa, um quarteto com Fidelis, Brito, Orlando e Rildo (o lateral-esquerdo é quem troca de camisola com Eusébio). No meio, Denilson, Lima e Jairzinho. No ataque, Silva, Pelé e Paraná.
É o último jogo da fase de grupos e o bicampeão Brasil precisa de ganhar para chegar aos 1/4 final. O que faz o seleccionador Vicente Feola? Muda nada mais nada menos que nove jogadores. Nove, isso mesmo. Só mantém Lima e Jairzinho. De resto, é uma autêntica razia — guarda-redes (Manga por Gilmar) e capitão (Brito por Bellini) incluídos. Dos nove, oito estreantes nesse Mundial, a excepção é Denilson.
Na ausência de Garrincha, lesionado, o Brasil chama Silva e Paraná para jogar ao lado de Pelé. Se Paraná é um ponta-esquerda do São Paulo, bicampeão paulista em 1970 e 1971, Silva é um ponta-direita cheio de prestígio, formado pelo São Paulo e campeão carioca pelo Flamengo em 1965.
Nesse Verão 1966, Silva, também conhecido como Silva Batuta, embora o seu nome completo seja Walter Machado da Silva, assina pelo Sporting. E depois pelo Barcelona. É verdade, Sporting (Portugal) e Barcelona (Espanha). Nem um jogo oficial pelos dois. Pelo Sporting, nem sequer um jogo oficioso. Já pelo Barcelona, oito golos em 15 jogos antes de entrar para o Santos de Pelé. E porquê? A Liga espanhola imita a italiana e fecha as fronteiras.
Um ano depois, em 1967, Silva dá (salvo seja) à luz. Nasce um rapaz chamado Walter Machado da Silva Filho. É o Valtinho, contratado pelo Braga de Manuel José em Janeiro 1987. O miúdo só tem 19 anos e já é um gigante com 1,90 metros mais 90 quilos. O seu peso na equipa é igual ao litro.
Assina pelo Sporting de Manuel José, em 1989, e causa um sério impacto inicial com dois golos de rajada, um na estreia (de cabeça, o momentâneo 2:2 vs Vitória SC no José Alvalade) e outro à segunda jornada, de livre directo, vs Beira-Mar, em Aveiro (0:1). É falta sobre Paulinho Cascavel à entrada da área e Valtinho atira com o pé esquerdo, a bola fura a barreira e engana o atarantado Miguel.
No final dessa época, Valtinho regressa ao Braga e nem um golo para amostra. Segue-se Penafiel, seis golos e um é de livre directo. Depois é Paços, com 19 amarelos e dois vermelhos. Pelo meio, dois golos, ambos vs Chaves. Um é de livre directo.
