Great Scott #463: Quem vê o cartão amarelo mais rápido na história das finais europeias? (aos 99 segundos)
Aloísio
Berna, 10 Maio 1989. É a final da Taça das Taças entre Barcelona e Sampdoria, ambas treinadas por grandes mestres do nosso contentamento como Johan Cruijff e Vujadin Boskov.
Para chegar à Suíça, o Barcelona apresenta uma carreira invicta com cinco vitórias e três empates mais um desempate por penáltis vs Lech Poznan – ao duplo 1:1, segue-se a lotaria na Polónia com vitória ao fim de 14 penáltis, com Aloísio a acertar na baliza e Lukasik a atirar à barra para felicidade extrema do capitão Zubizarreta, que dá um toque no rabo do infeliz polaco antes de se dirigir para o abraço xxl dos companheiros.
A campanha da Sampdoria é mais irregular, com uma derrota a abrir (vs IFK Norrköping). Daí para a frente, a Samp ganha três jogos, empata outros três e perde um, em Malines, na 1.ª mão da ½ final – vale-lhe o 3:0 de resposta, com golos de Cerezo, Dossena e Salsano.
Nenhum finalista joga com o equipamento oficial, ambos com o alternativo. O Barcelona apresenta dois estrangeiros em Aloísio e Lineker, ambos com números fora da caixa em relação à sua carreira (2 e 7). A Sampdoria também inclui dois estrangeiros no onze, o brasileiro Cerezo e o espanhol Víctor, figura por excelência do mundo barcelonista e titular na tal final da Taça dos Campeões 1986 perdida vs Steaua, em Sevilha.
A bola sai do Barcelona. Tiki taka para aqui, tiki taka para ali. Às tantas, a bola perde-se para a Sampdoria e o lateral Mannini atrasa para Pagliuca. O guarda-redes recolhe e devolve com a mão para Mannini. O 2 avança sem marcação e, perto do meio-campo, encontra Vialli. O 9, ainda com cabelo, domina, recua ligeiramente e, de repente, apanha uma broa indescritível. Aloísio entra sem dó nem piedade, junto à linha do meio-campo.
O árbitro inglês George Courtney nem pestaneja e exibe-lhe o cartão amarelo. Evidente. Estamos com 99 segundos, incrível. Daí para a frente, só mais um amarelo (Urbano, do Barcelona, aos 26’) numa final ganha pelo Barcelona com um golo em cada parte.
O primeiro é de Roberto, de cabeça à boca da baliza, após belo lance de Lineker pela direita, tanto a libertar-se de forma elegante da marcação impiedosa de Pari como a cruzar para o segundo poste, onde Julio Salinas cabeceia para o companheiro mais bem posicionado. Com um golo aos 4 minutos, o Barcelona ganha uma preciosa vantagem moral.
O segundo é aos 79’, através do suplente Lopez Rekarte. A jogada começa na área contrária com um livre de Mancini para a confuso. Zubizarreta sai-se dos postes e agarra a bola com convicção antes de libertar o contra-ataque. Julio Salinas liga o turbo e leva tudo à frente, Bonomi incluído. Perto da área, faz um passe básico para Lopez Rekarte e este, na cara de Pagliuca, decide-se pelo remate rasteiro, cruzado. Está feito o 2:0, assunto arrumado.
Daí a três anos, Cruijff e Boskov reencontram-se para a final da Liga dos Campeões e, aí, é preciso um prolongamento para garantir o vencedor. Koeman, de livre directo, decide o título. Por essa altura, Aloísio é uma figura central do FC Porto.