Great Scott #525: Único jogador com quatro pódios seguidos em Mundiais?
Klose
A vida é espantosa, sem dúvida. Nascido na Polónia, na pequena cidade costeira Opole, o bom do Klose aventura-se no futebol alemão e começa por baixo. A primeira experiência é pelo Homburgo, da 4.ª divisão. Um ano depois e já está no Kaiserslautern B, da 3.ª. Na época 1999-2000, dá-se o salto para a equipa principal do Kaiserslautern, da 1.ª. Os golos marcam-se com facilidade.
No início de 2001, o seleccionador alemão Rudi Völler, ilustre avançado nos gloriosos anos 80/90, fala-lhe de uma oportunidade na selecção. Só depois é que aparece o seleccionador polaco Jerzy Engels com o mesmo convite. Klose privilegia a Alemanha por uma questão de timing e, bem vistas as coisas, resulta em pleno. A estreia é em Março 2001 vs Albânia, de qualificação para o Mundial-2002. Entra aos 76’ e marca o decisivo 2:1. Quatro dias depois, vs Grécia, entra aos 67’ e marca os decisivos 2:2 mais 3:2. Até ao Mundial propriamente, Klose assina dois hat-tricks vs Israel e Áustria e fixa-se com autoridade no onze de Völler.
O Mundial-2002 corre-lhe bem, com cinco golos espalhados por Arábia Saudita (3), Eire e Camarões. Uma curiosidade, todos de cabeça. É o primeiro a marcar cinco golos de cabeça num só Mundial – o nosso melhor é José Augusto, com três em 1966. A Alemanha chega à final e dá o braço a torcer ao bis de Ronaldo (2:0). Klose acaba em segundo.
Quatro anos depois, a jogar em casa, Klose bisa duas vezes na fase de grupos, vs Costa Rica e Equador. No mata-mata, é seu o 1:1 vs Argentina. De novo, cinco golos. Desta vez, é terceiro classificado porque a Alemanha é abalroada pela Itália numa ½ final memorável em Dortmund. Para a atribuição de 3.º e 4.º lugares, a Alemanha despacha Portugal por 3:1.
Repetimo-nos, quatro anos depois. Já estamos em 2010, África do Sul. A saga de Klose continua: um golo vs Austrália na fase de grupos, outro vs Inglaterra nos oitavos e dois vs Argentina nos ¼. De repente, Klose já tem 13 golos, um a mais que Pelé e tantos quanto Gerd Müller. E a Alemanha, que tal? Sofre um golo de Puyol na ½ final e é desviada para o inenarrável jogo da consolação, vs Uruguai. Toma lá mais uma medalha de bronze (3:2)
Repetimo-nos pela última vez, quatro anos depois. Avançamos para 2014, Brasil. O cenário é ligeiramente diferente e Klose é suplente. E então? Nada, só isso. Klose entra vs Gana e fixa o 2:2. Já tem 14, tantos quanto o recordista Ronaldo. Na ½ final, Klose é titular. Vénia, é o primeiro jogador em quatro meias-finais de Mundial. Como autor do 2:0 vs Brasil, no Mineirão, passa a ser o melhor marcador de sempre em Mundial, com 15. Segue-se a final, vs Argentina.
Klose é titular, de novo. Aos 88’ é substituído por Götze, herói alemão como autor do solitário 1:0 durante o prolongamento. Klose abandona a selecção no preciso dia em que se sagra campeão mundial, após um segundo lugar e dois terceiros. É bonito, e extraordinário para um jogador criado numa zona inóspita da Europa do futebol e a começar por baixo.