Great Scott #555: Único jogador sem um braço a marcar nas competições europeias?

Great Scott Mais 06/03/2022
Tovar FC

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Great Scott #555: Único jogador sem um braço a marcar nas competições europeias?

Jimmy Hasty

É um caso sério de popularidade. Pudera, Jimmy Hasty joga bom futebol sem o braço esquerdo. Os seus movimentos na área, entre golos (aos pontapés) e assistências (de bandeja), permitem-lhe alcançar a fama na Irlanda do Norte.

Antes de se afirmar como jogador, Hasty é uma pessoa como qualquer outra na Irlanda pobre e com necessidades. Daí que comece a trabalhar aos 14 anos de idade. No primeiro dia de trabalho, um acidente com uma cortadora abrasiva amputa-lhe o braço esquerdo. O futebol só aparece depois, ao serviço dos juniores do Bowhill, em Belfast. Daí para o Islandmagee, depois Newry Town, então na 2.ª divisão irlandesa.

O sucesso é imediato, Hasty bisa na estreia vs reservas do Derry City. No final da época, um total de 38 golos e o Newry na 1.ª pela primeira vez na história. Na época seguinte, mais do mesmo. Num 6:2 ao Queens, o bom do Hasty marca três e assiste os outros três. É uma máquina.

Em Novembro 1960, o Dundalk interessa-se por ele e três dirigentes contratam-no sem se importarem com o torcer de nariz da maioria da direcção. Hasty assina e joga. Bem, claro. Na estreia, um golo vs Cork Celtic. Nos cinco jogos seguintes, cinco vitórias e 24 golos marcados – oito de Hasty. Perto do Natal, o Dundalk visita o rival Shamrock Rovers e dá um baile de bola. Acaba 4:2 com dois golos e duas assistências de Jimmy, já conhecido como ‘one-armed bandit’.

O título de campeão do Dundalk é festejado em 1963, trinta anos depois da última conquista. A alegria é imensa, até porque significa a entrada na Taça dos Campeões. Calha o Zurique. O favoritismo é dos suíços, bem notório no 0:3 da primeira mão. Na segunda, em Zurique, a Europa continental conhece Jimmy Hasty. O homem assiste Dermot Cross para o 0:1, assina o 0:2 e ainda acerta uma bola na trave. É a primeira vitória de uma equipa norte-irlandesa na UEFA, cortesia Hasty.

A época 1963-64 é das mais felizes de todas para Hasty, com um total de 35 golos, 18 dos quais na 1.ª divisão. Na Taça norte-irlandesa, marca os dois golos da ½ final vs Shamrock Rovers e mais dois na finalíssima vs Limerick. A entrada nos 30 anos de idade e uma lesão arreliadora afastam-no do Dundalk em 1960. Em seis épocas, 103 golos. Um fenómeno nunca visto. Tanto companheiros de equipa como adversários só sabem falar bem do desempenho desportivo de Hasty. Todos o consideram evoluído tecnicamente, com qualquer parte do corpo, calcanhar, joelho e peito incluídos.

A sua morte chega cedo demais, em 1974, aos 40 anos de idade. A caminho do trabalho, Hasty é baleado por terroristas do UVF, um grupo paramilitar leal ao Ulster na luta contra uma república unificada entre as duas Irlandas e a favor da Irlanda do Norte como parte do Reino Unido. Uma vítima ocasional, como muitas outras. No total das 569 mortes pela UVF ao longo dos anos, a esmagadora maioria (414) é civil católica.

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