Great Scott #568: Único jogador português a acumular 182 jogos seguidos a titular?
Vítor Baía
Até ver, o prémio regularidade é de Sepp Maier. Companheiro de Beckenbauer nos jogos de ténis sub-15, chega aos juniores do Bayern para jogar a avançado e depressa se percebe da fraca aptidão para o domínio do esférico com os pés. Recua tanto nas suas intenções e vai parar à baliza. Marca uma época. Uma época larga, larguíssima. Ao todo, 17 anos. Joga sempre no Bayern, desde 1962 até 1979. E está na história como um dos primeiros a usar luvas de borracha e a jogar fora da área sem medos.
Com tantos predicados, Maier é titular da RFA nos Mundiais 1970, 1974 (campeão) e 1978. E nos Europeus 1972 (campeão) e 1976. Em sete finais internacionais pelo Bayern, só sofre um golo, e de bola parada (livre directo de Luis Aragoñés, do Atlético Madrid). Num mundo de Beckenbauers e Müllers, é eleito o melhor futebolista alemão em 1975, 1977 e 1978. O seu registo mais impressionante é o da regularidade, com um total de 442 jogos seguido pelo Bayern na 1.ª divisão alemã, entre 1966 e 1979.
Nós, por cá, temos uma espécie de Sepp Maier. Também joga à baliza e chama-se Vítor Baía. De 7 Fevereiro 1989 (vs Académico Viseu 5:0) até 20 Dezembro 1992 (vs Beira-Mar 0:0), o guarda-redes do FC Porto acumula 182 jogos seguidos entre todas as competições. É uma loucura, entre 135 para a 1.ª divisão, 22 para a UEFA, 19 para a Taça de Portugal e seis para a Supertaça portuguesa. Ao todo, qualquer coisa como 16 560 minutos, mais descontos, menos descontos, com seis prolongamentos (dois vs Louletano) e ainda um desempate de penáltis (vs Benfica).
A série é abrilhantada com 129 vitórias, 33 empates e só 20 derrotas. Sofre 101 golos e convive com duas eras, primeiro a de Artur Jorge, depois a de Carlos Alberto Silva. O seu melhor companheiro é João Pinto – o capitão só falha 20 jogos, outro dado de inquestionável regularidade. O reinado acaba num jogo da Taça de Portugal, vs Juventude Évora, nas Antas (4:0), e recomeça na semana seguinte com mais 55 jogos seguidos de Baía até 15 Fevereiro 1994, vs Aves (é Cândido o número 1), já na era Bobby Robson, substituto de Ivic a meio da época.