#32 Espinho 2000-01
É a maior proeza do voleibol português. Nunca visto, jamais repetido. O Espinho ganha a Top Teams Cup, segunda mais importante competição europeia de clubes.
Estamos em 2000 e a ressaca dos Jogos Olímpicos é tramada. A dupla Miguel Maia e João Brenha chegam cansados de Sidney, sem motivação por aí além para iniciar mais uma época do calendário europeu. O Espinho é campeão nacional há seis anos seguidos, desde 1995, e espreita o sonho internacional.
Na primeira fase, a de grupos, o Espinho supera a concorrência com três vitórias seguidas. Na visita a Novi Sad, para a quarta e última jornada, o Espinho ganha os primeiros dois sets e perde os outros três, embora faça pontos que o Vojvodina.
A eliminatória dos ¼ final é um passeio e segue-se a aventura na final four, em Eregli (Turquia). O Unicaja Almería é uma equipa forte e os três primeiros sets são equilibrados, todos com vitórias por dois pontos de diferença. No quarto, o Espinho chama a si o protagonismo, ganha avanço desde o início com 11:2 e fecha o jogo com um inequívoco 25:14.
Grande festa no pavilhão e o Telejornal da RTP1 abre precisamente com essa notícia, já depois de a RTP2 ter transmitido o prélio em diferido. Na zona da conferência de imprensa, o treinador espanhol Fernando Muñoz fala e sai de cena sem ligar nenhuma às palavras de Fernando Luís, o homem do leme do Espinho.
Passam 24 horas e todo o Portugal está atento ao Ekaterimburgo, da Rússia. O seis inicial do Espinho inclui Miguel Maia, João Brenha, Sandro Correia, Robert Czedula, Gilvam Silva e Gilberto Silva. De fora, Hugo Ribeiro e José Pedrosa (suplentes utilizados) mais Lucas Afonso (convocado pela selecção brasileira).
Ao fim de dois sets, 2:0 para o Espinho. Ao fim de quatro, 2:2. Vamos à negra, toda ela discutida ao pormenor, ponto por ponto. Com 13:13, o Ekaterimburgo acumula três seguidos de jogo. O Espinho anula-os com categoria. Já está 16:16 e serve Miguel Maia. A bola passa a rede e volta. Na resposta, Sandro Correia fecha o ponto e dá uma vantagem inédita ao Espinho. A cena repete-se: Miguel Maia e Sandro Correia. Acaba 18:16, o Espinho é campeão da Top Teams Cup.
O capitão Miguel Maia recebe a taça das mãos do ministro turco do desporto e arrepia caminho para os abraços e amassos dos companheiros. Segue-se a viagem de autocarro para Istambul e a de avião para Portugal, com escala em Paris. O céu é o limite. A descida à terra é divinal.
(a negrito, jogos fora)
Fase de grupos
Vojvodina 3:0 (76:63)
PCSK Riga 3:2 (104:98)
PCSK Riga 3:0 (75:55)
Vojvodina 2:3 (115:112)
Quartos-de-final
Uniqa Salsburgo 3:0 (75:52)
Uniqa Salsburgo 3:2 (113:100)
Final four
Unicaja Almeria 3:1 (101:88)
Ekaterimburgo 3:2 (109:104)