#36 Rio Ave 1985-86

Comecemos pelo início. O Rio Ave 84/85 está na 1.ª divisão, treinado por Félix Mourinho, e entra muito mal com um ponto nas primeiras seis jornadas. À 14.ª, a derrota em Vizela implica a troca de treinador. Sai Mourinho, entra Mário Reis, de 38 anos. A estreia é vitoriosa (Braga, 3:2), segue-se um 2:2 vs. Benfica e ainda 1:0 vs. Sporting para a Taça de Portugal na única derrota de John Toshack no José Alvalade. Na última jornada da liga, um penálti do bracarense Jorge Gomes aos 90’ garante o 1:1 e atira o Rio Ave para o 13.º lugar.

Obrigatório ir a um torneio de competência com os segundos classificados de cada uma das três zonas da 2.ª divisão (Chaves / norte, U. Leiria / centro e U. Madeira / sul), a duas voltas. Só o primeiro tem direito à 1.ª divisão e o Rio Ave acaba em segundo, com os mesmos pontos do Chaves, em desvantagem no confronto directo (3-2 e 1-1).

A descida à 2.ª divisão é assumida sem dramas. Mantêm-se o treinador Mário Reis e mais uns quantos do plantel, como o guarda-redes Figueiredo, o médio Juanico e o avançado Chico Faria – só para citar os mais conhecidos num futuro próximo, como autores dos golos do Belenenses na famosa final da Taça de Portugal ganha por 2-1 ao Benfica em 1989).

Calma lá, voltemos a 85/86, 2.ª divisão, zona norte. Os favoritos ao título são Rio Ave, Vizela e Varzim, o trio de relegados. Das restantes 13 equipas, três há que jogam actualmente na 1.ª divisão: Paços, Gil, Moreirense e Famalicão. O campeonato começa a 15 de Setembro e o Rio Ave não dá sinais de fraqueza, só de regularidade: e e v v e e e v v v e v v v e v v v e v e e v v v e v v v v. Acaba e o Rio Ave é campeão da sua zona, com sete pontos de avanço sobre o Varzim. Jamais visto, um campeão invicto.

Falta ainda o torneio de apuramento de campeão e aí o Rio Ave joga com Elvas e Farense. Mais uma vez, zero derrotas: e e e v. ‘Lembro-me tão bem do jogo do título, em Elvas’, conta-nos um entusiasmado Juanico. ‘Estávamos obrigados a ganhar e fazia cá um calor, 34 graus, prá aí. Acabou 3-2 para nós e foi o dia mais longo da época porque a festa começou à tarde no Alentejo e só acabou na manhã seguinte em Vila do Conde, onde fomos recebidos por um mar de gente.’

Mais recordações? ‘Ainda tenho fotografias e, claro, a camisola do jogo do título. Era o número 6. Um ano inesquecível. A camaradagem, a invencibilidade, a subida à 1.ª e ainda pelas três vezes internacional olímpico no Rio Ave.’

Para a história, todos os 34 jogos (20 vitórias e 14 empates). Eis a epopeia (a negrito, os jogos fora)

Fafe	1:1	Virgílio
Lusitânia Lourosa	1:1	Alfredo Sampaio
Paredes	2:0	Chico Faria-2
Vianense	2:1	Virgílio / Rui Lopes
Felgueiras	1:1	Rui Lopes
Vizela	0:0
Gil Vicente	1:1	Jaime Graça
Amarante	3:0	Chico Faria-2 / Rui Lopes
Paços	2:1	Rui Lopes / Virgílio
Leixões	2:1	Chico Faria / Rui Lopes
Varzim	1:1	Jaime Graça
Tirsense	1:0	Moreira de Sá
Espinho	1:0	Chico Faria
Moreirense	2:1	Chico Faria / Moreira de Sá
Famalicão	0:0
Fafe	3:1	Tó Lima (pb) / Jaime Graça / Moreira de Sá
Lusitânia Lourosa	1:0	Santana
Paredes	3:1	Chico Faria-3
Vianense	2:2
Felgueiras	2:0	Jaime Graça / Carlos Manuel
Vizela	0:0
Gil Vicente	0:0
Amarante	2:1	Hernâni / Chico Faria
Paços	2:0	Chico Faria / Álvaro Soares
Leixões	2:1	Chico Faria-2
Varzim	0:0
Tirsense	2:1	Jaime Graça-2
Espinho	5:2	Chico Faria-3 / Jaime Graça / Virgílio
Moreirense	6:0	Chico Faria-2 / Toni Ladinho / Carlos Manuel / Carvalho / Juanico
Famalicão	2:1	Toni Ladinho / Jaime Graça