Great Scott #713: Único jogador a sair do Real Madrid para o Elvas? (ya, existe)

Great Scott Mais 01/30/2023
Tovar FC

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Great Scott #713: Único jogador a sair do Real Madrid para o Elvas? (ya, existe)

Calleja

O Elvas 1947-48 começa com o português Semedo à baliza. A meio da época, aparece a novidade mais espantosa de todo o sempre. Quer dizer, um guarda-redes do Real Madrid contratado pelo Elvas é do além.

Chama-se Daniel Calleja, um basco de Tolosa (tal como Xabi Alonso). Como vive ao lado do estádio do Tolosa, onde joga a equipa da casa e decorrem anualmente os Nacionais de atletismo, Calleja agarra-se ao desporto como todos os miúdos da terra. E vai à baliza, como mais ninguém. Faz-se porteiro de categoria. Faz a tropa em Logroño e assina pelo Logroñés. Depois anda pelo Reus, da 3.ª, e Racing, da 2.ª, antes de chegar ao Real Madrid para a época 1947-48, como substituto de Bañón, retirado do futebol aos 27 anos de idade por um cancro nos pulmões.

A estreia de Calleja é vs Real Sociedad no Metropolitano. ?Como? Asi és, o Real joga na casa do Atlético Madrid até à estreia do Chamartín (agora Santiago Bernabéu). O primeiro dia é glorioso, convida-se o Belenenses. Esse mesmo. Estamos em Dezembro 1947 e o Real ganha 3:1. Calleja, titularíssimo, sofre o 1:1 de Teixeira da Silva. Antes dessa tarde, Calleja dá as suas casas como o 5:0 no dérbi vs Atlético. Ou o 7:1 em Oviedo. Ao todo, sofre 16 golos em tão-só seis jogos. É encostado. Sem lugar no onze, vai pregar para outra freguesia e encontra no Elvas um clube perto de casa e a jogar na 1.ª divisão. Pega de estaca, joga toda a segunda volta e é actor de duas vitórias fascinantes.

A primeira na casa do Benfica, a três jornadas do fim. Acaba 2:1 no Campo Grande, bis do inevitável Patalino aos 4 e 34 minutos. Daí para a frente, só dá Benfica. Os jogadores do Elvas jogam todos encolhidos, dentro da própria área. Calleja é herói com um par de defesas inverosímeis.

Se o Benfica pontuasse (basta o empate), ultrapassaria o Sporting, também ele derrubado nesse domingo, 9 Maio 1948, em Setúbal (1:0). Assim, o Sporting mantém a liderança com um golo à maior, situação que se manteria nas duas jornadas seguintes. A segunda vitória fascinante é a maior goleada dessa 1.ª divisão, um apelativo 12:1 vs Académica, já então relegada para a 2.ª divisão. É o tal jogo do póquer de Patalino.

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