Great Scott #717: Primeiro treinador português no estrangeiro?

Great Scott Mais 02/03/2023
Tovar FC

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Great Scott #717: Primeiro treinador português no estrangeiro?

Filipe Santos

Saragoça, ali a meio caminho entre Madrid e Barcelona, é um clube com uma ligação afectiva, e quase centenária, com Portugal. Comecemos pelo fim, para variar. O primeiro nome a sair é Postiga, Hélder Postiga.

Já não lhe basta ser o herói de 2011-12 com golos cirúrgicos nas duas últimas jornadas (2:1 vs Racing, 2:0 vs Getafe) para evitar a descida de divisão como depois é coroado o rei de Aragão no dia em que bisa vs Deportivo – que até abre a conta (por Bruno Gama) e acaba com dez (expulsão de Pizzi). A façanha permite-lhe igualar Higuaín na lista dos melhores marcadores da Liga espanhola, só atrás de Messi e Ronaldo, com quem se cruzara há uma semana no Bernabéu e até marcara a Casillas num lance mal anulado pelo árbitro.

Antes de Postiga, as gentes de Saragoça vibram com a gazela Rui Jordão, um avançado de fino recorte técnico, goleador por excelência. Quando ganha a Bola de Prata 1976, com 30 golos em 28 jogos pelo Benfica, chegam-lhe uma série de propostas, entre Estrasburgo, Racing White, Bétis e Bayern Munique. O Benfica nega-se sempre, até surgir o convite do Saragoça. Por nove contos, Jordão emigra. No Saragoça, a vida não lhe corre assim tão bem.

Convive com a inveja de Arrua, o maestro paraguaio, número 10 na camisola e um no coração dos adeptos. “O Jordão é extremo, e não avançado, mas quem faz a equipa?” questiona a (ex-) estrela dos aragoneses, eleito o melhor estrangeiro da Liga espanhola em 1974. Estamos em 1976 e não há melhor que Jordão no Saragoça. Em 33 jogos, 14 golos a começar por um vs Real Madrid e a acabar num outro em Sevilha. Pelo meio, a sensacional série de dez golos em seis jogos consecutivos. Nem assim o Saragoça evita a descida de divisão. Na época seguinte, Arrua fica, Jordão quer voltar para casa.

O objectivo é o Benfica, só que o presidente José Ferreira Queimado recusa-lhe o pedido. É então que Jordão aparece no Sporting, onde se sagraria (novamente) melhor marcador do campeonato em 1979-80 – é o único a consegui-lo pelos dois grandes de Lisboa.

Postiga e Jordão, que figuras. Antes, antes de estalar a 2.ª Guerra, um senhor chamado Filipe Santos faz-se treinador do Saragoça, na ressaca da conquista de dois títulos regionais de Lisboa, ambos pelo Sporting, com um total de 27 vitórias em 34 jogos. Espanha chama por ele, Filipe entra na história. E quase sobe o Saragoça à 2.ª em 1933. A caminhada até à final é impressionante, com um 15:1 vs Huesca, no dia 18 Dezembro, ainda na fase de grupos. A eliminar, o Saragoça passa Barakaldo, Logroño e Valladolid. Na decisão a duas mãos, o Sabadell é mais forte com 1:1 na Catalunha e 2:1 em Aragão.

No ano seguinte, o Saragoça de Filipe Santos volta a chegar muito perto do fim da subida, desta vez em acesa luta com o Valladolid, numa fase final com seis equipas. O Saragoça ganha todos os jogos em casa por goleada (19:0 em golos) e nem um vence fora (2:15).

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