Great Scott #727: Único tenista a ganhar Wimbledon com wildcard?

Great Scott Mais 02/17/2023
Tovar FC

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Great Scott #727: Único tenista a ganhar Wimbledon com wildcard?

Ivanisevic

2001, Odisseia no Espaço. É o filme de uma vida.

2001, odisseia em Wimbledon. É o filme da vida do croata Goran Ivanisevic, o primeiro wild-card a ganhar um Grand Slam. Que categoria, é de homem.

2001, odisseia em Wimbledon. Tetracampeão em título e cabeça de série número um, Pete Sampras sonha em imitar o penta de Borg. Só que não, um miúdo de 19 anos chamado Roger Federer afasta-o nos oitavos-de-final. E agora? Ainda há Agassi (cabeça de série número 2), Rafter (3), Safin (4) e Hedman (6).

Ivanisevic, onde anda? O homem passa por cima do sueco Fredrik Jonsson com triplo 6:4, depois pelo espanhol Carlos Moyá (3:1 em sets), pelo norte-americano Andy Roddick (3:1) e pelo inglês Gregory Rusedski (3:0). Nos ¼ final, apanha Safin e despacha-o por 3:1. Nas ½, Hedman até lhe faz um 6:0. No pasa nada, Ivanisevic é à prova de tudo. Até de um jogo esticado por três dias, chuva e tal. Vai à negra, 6:3 no quinto set.

Partida, largada, fugida, é a final vs. Pat Rafter. Lá em cima, o árbitro é o português Jorge Dias. Que momento impressionante do ténis, chi-ça. Ivanisevic ganha 6:3, Rafter devolve-lhe na mesma moeda e Ivanisevic responde com categoria (outro 6:3). Rafter faz 6:2 e leva a decisão para a negra.

E que negra, extraordinário, sensacional, sublime, sobram adjectivos para a qualidade do ténis exibido. Os dois homens ultrapassam os limites e jogam no infinito. Serve Rafter, para o 7:6. Not a chance, Ivanisevic é mais forte.

Com 30:15 contra, Rafter atira uma bomba indefensável. Qual quê, Ivanisevic estica-se e dobra o cabo das tormentas com uma bola cruzada do além. Está 15:40. Rafter falha uma. À segunda, serve para o meio e Ivanisevic despacha uma bola fortíssima. De punho fechado, celebra efusivamente. Pudera, o título inédito está ali à mão de semear. Basta fechar o serviço e já está.

Not so fast, agora é a vez de Rafter dar largas ao seu ténis e está em vantagem com 30:15. Muito bem, Ivanisevic concentra-se e toma lá um ás. Alegria imensa nas bancadas, há camisas aos quadrados vermelhos aqui e ali. Ivanisevic saca outro ás, tauuuuuu, 40:30. O croata junta as mãos e fala sozinho em direcção ao seu posto no fim do court. Baaaah, falta e falta, dupla falta. 40:40.

Ivanisevic reorganiza-se. Pim pam, a bola de Rafter em resposta ao serviço vai à rede. Vantagem para o wild card. Falta só um. Ivanisevic repete o erro da dupla falta, Ivanisevic reorganiza-se, parte ii. Tiki taka tiki taka, fora. Rafter tira uma bola fora. Jorge Dias anuncia ponto de Ivanisevic, o croata rejubila e beija o chão, apoiado na raquete.

Que emoção na bancada. Ivanisevic acerta o serviço, Rafter acerta o passo e faz um chapéu de aba larga. Há uma série de australianos de braço levantado, ainda crentes na reviravolta. Ivanisevic concentra-se e faz um serviço muito longo, quase fora de campo. Segundo serviço. E toma lá um ás, mais um. Quando assim é, Ivanisevic vai à rede para recuperar essa bola.

Repete-se o ritual, em escassos segundos. Nada a ver com as demoras de hoje em dia. Ivanisevic quer despachar o assunto e serve num ápice. Rafter responde a meia altura. A bola bate na rede e fica do seu lado, é game, set, match para Ivanisevic.

O croata dá largas à sua alegria, primeiro deitado de barriga para baixo, depois de pé, com os braços estendidos virado para uma das bancadas. Rafter espera-o na rede, sorridente. Diz-lhe umas palavras ao ouvido e afaga-lhe o cabelo. Lindo, nada melhor que um campeão inédito ser acarinhado pelo vencido bonacheirão.

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