Great Scott #753: Último guarda-redes a fazer dois jogos oficiais separados por 30 minutos?
Jorge Campos
É uma figura por si só. A camisola colorida no Mundial-94 é uma relíquia, um souvenir eterno para todo e qualquer guarda-redes. Jorge Campos, claro.
Dois anos depois, no mesmo país (EUA), a sua figura dá espectáculo a dobrar em pouco mais de três horas. A malta explica: o Rose Bowl, estádio da final do Mundial-94 e também o da consagração de Carlos Lopes na maratona olímpica em 1984, é palco de dois jogos separados por 30 minutos. Americanices é o que é.
Primeiro é a final da US Cup, uma competição organizada pela federação norte-americana e extensiva a três selecções além da anfitriã – Portugal participa em 1992, em jeito de estreia de baptismo para Carlos Queiroz ao leme dos AA. Em 1996, os EUA competem com Irlanda, México e Bolívia.
No último dia, há EUA vs. México. Para vencer o torneio, os EUA têm de ganhar. Já ao México basta-lhe o empate. Wynalda anima o público, Garcia empata à beira do intervalo. Na segunda parte, Blanco dá a volta ao marcador no penúltimo minuto. No quadradinho seguinte, 2:2 de Dooley. Quando o árbitro soa o apito final, o México festeja o terceiro título consecutivo da US Cup.
Passa-se só meia-hora e o Rose Bowl é invadido por outra franja de adeptos, agora divididos pelo apoio às equipas da MLS. De um lado, os LA Galaxy. Do outro, os Tampa Bay Mutiny. Quem joga na baliza? Esse mesmo, Jorge Campos. Ainda abananado com os festejos do tri do México, mete as luvas e cá vai disto.
Aos 73 minutos, já depois de sofrer golos de Galderisi (o futuro treinador da Olhanense) e Lassiter, pede a substituição por lesão. Pois claro, o amor à camisola é louvável e, desta vez, não se coaduna com as dores musculares. Sai de cena e assiste do banco aos penáltis, após outro 2:2 no final do tempo regulamentar.
No desempate, o suplente David Kramer dedica a vitória 4:2 ao esforçado Jorge Campos. Ao todo, 172 minutos seguidos e divididos por dois jogos. É obra. Nunca visto, jamais repetido.