Great Scott #766: Único treinador do século XX a eliminar equipas portuguesas por três clubes na Europa?
Vujadin Boskov
Internacional jugoslavo como extremo-esquerdo (bronze olímpico em Helsínquia-1952), o mérito maiúsculo de Boskov é a carreira de treinador.
Na primeira experiência à frente de um clube, levanta a Taça da Holanda 1975 pelo Haia. Seis anos depois, o jugoslavo de Novi Sad dá nas vistas no Real Madrid com um campeonato e duas Taças do Rei (dobradinha em 1980). É nesse Verão que se dá um caso curioso: o Madrid apanha 9:1 do Bayern na Corunha, no torneio Teresa Herrera. À chegada ao aeroporto Barajas, o treinador é mais um filósofo: ‘É melhor perder uma vez por nove golos do que nove vezes por um golo.’
À saída de Madrid, segue-se o título de campeão da 2.ª divisão italiana pelo Ascoli. É em Génova, onde jogara em 61-62, que Boskov assume um protagonismo inaudito (é também aí que morre, aos 82 anos). Repare nesta sequência: Taça Itália 1988, outra Coppa 1989, Taça das Taças 1990, campeonato italiano 1991 e Supertaça italiana 1991. É o tempo de Pagliuca, Vierchowod, Katanec, MIkhailichenko, Mancini e Vialli. Dos cinco títulos da Sampdoria, todos eles pertencem a Boskov. Que homem, que categoria. E ainda estreia Totti na Roma. Génio e figura. Boskov, claro.
No meio dessa carreira, Boskov elimina três equipas portuguesas na Europa. A primeira vítima é a CUF na Taça das Cidades com Feira 1967-68. No dia 27 Setembro, em Novi Sad, o Vojvodina de Boskov ganha 1:0, golo de penálti de Dakic aos 32’, a castigar falta de Medeiros sobre Trivic. No último instante, o árbitro búlgaro Romanchev anula um golo ao português Fernando por beneficiar o infractor.
Daí a duas semanas, a 8 Outubro, a CUF recebe o Vojdovina às 16 horas no Estádio Alfredo da Silva e o início é animador com o 1:0 de Fernando (sempre ele), na recarga a uma defesa incompleta do guarda-redes jugoslavo Pantelic a um livre directo de Mário João, o tal lateral bicampeão europeu pelo Benfica em 1961 e 1962. Antes do intervalo, o número 1 Pantelic pede para sair. O homem está indisposto. Pudera, jogara pela Jugoslávia no dia 7 em Hamburgo, vs. RFA, para o apuramento do Euro-68.
Sem o titular à baliza e em igualdade na eliminatória, o Vojvodina chama a si o protagonismo e dá uma lição de futebol artístico. A CUF, mais em força do que em jeito, é eliminada em três tempos. Acaba 3:1, Boskov segue em frente e só é eliminado pelo Bolonha nos ¼.
Avançamos até à Taça dos Campeões 1979-80, FC Porto vs. Real Madrid. Nas Antas, um bis de Gomes em cinco minutos anima os 70 mil espectadores nas Antas. O 2:0 é de penálti, a castigar falta do guarda-redes espanhol García Remón sobre o goleador, na sequência de um passe belíssimo de Frasco. Na segunda parte, uma fífia do guarda-redes Fonseca (passos com a bola em sua posse) reduz o fosso entre as duas equipas. Do respectivo livre indirecto, o inglês Cunningham fixa o 2:1.
Na segunda mão, o Real Madrid dá a volta ao texto e ganha 1:0, golo de Santillana aos 70 minutos, na ressaca de um canto muito contestado pelos portistas, já que Fonseca alega ter defendido a bola ainda dentro de campo. Adiante, o FC Porto de Pedroto carrega e só não empata 1:1 aos 72’, porque Gomes falha um golo certo. Boskov, take 2.
E o terceiro, quando? Taça UEFA 1994-95, Boavista vs. Nápoles. Estamos quase quase a chegar à lei Bosman, o Boavista de Manuel José junta Sánchez, Simanic e Artur como estrangeiros, o Nápoles é mais económico (André Cruz + Boghossian). Acaba 1:1 no Bessa, por Sánchez e Carbone.
No San Paolo, o Nápoles, já com o colombiano Rincón no onze, larga na frente com bis de Agostini. Na segunda parte, o brasileiro Luciano ainda reduz e mantém a eliminatória em aberto. Quinze minutos depois, soa o apito e Boskov faz hat-trick às equipas portuguesas.