Great Scott #823: Quem é o primeiro número 7 com nome nas costas do Real Madrid?
Esnaider
A magia dos números é indescritível. O 7, então, é dono de uma história imensa. Seja qual for o clube. Que o diga o Real Madrid. Há Kopa, Amancio, Juanito, Butragueño, Raúl e Cristiano.
Quem é o primeiro de todos a usar o 7 com o nome nas costas? Nenhum deles. O contemplado é o argentino Esnaider em 1995-96. Contratado ao Ferro Carril Oeste em 1991, o avançado dá nas vistas pela negativa durante o Mundial sub-20 em 1991, precisamente vs. Portugal. É expulso por protestos e ameaças físicas ao árbitro belga Goethals, posteriormente suspenso pela FIFA por um ano – a selecção argentina é proibida de jogar a qualificação para o Mundial seguinte, em 1993.
Em Madrid, o malandro do Esnaider é encostado para o clube satélite. Durante duas épocas, só faz 17 jogos. É então emprestado ao Saragoça e aí, senhoras e senhores, dá espectáculo com 42 golos em duas épocas. É titular assumido desde o primeiro dia e ganha a Taça das Taças, vs. Arsenal, com aquele golo do meio-campo de Nayim no último minuto do prolongamento.
De volta a Madrid, com o compatriota Valdano ao leme, Esnaider compete com Raúl e Zamorano por um lugar no ataque. É a tal época de estreia dos números fixos. Sem surpresa, o 9 é de Zamorano. Com surpresa, o 7 é de Esnaider. Então e Raúl? É o 17, para mal dos seus pecados. Há sempre alguém insatisfeito, é impossível agradar a todos. Daí que esse Real Madrid apresente jogadores com números normais, como o 2 de Chendo, o 4 de Hiero, o 6 de Redondo, o 8 de Míchel e o 10 de Laudrup, e outros estrambólicos, como o 21 de Luis Enrique e o 18 de Alkorta.
O 7 de Esnaider está-lhe largo. Só pode. Em 20 jogos entre campeonato (14), taça (2) e Europa (4), só um golo. E em tempo de descontos, no 2:2 vs. Logroñés. Espante-se agora, o de Esnaider é o 2:1 e desata a loucura no Bernabéu, ainda esperançado em revalidar o título de campeão espanhol. No quadradinho seguinte, canto para o Logroñés e remate imparável de Abadia. O Real Madrid nunca mais será o mesmo e acaba mesmo em sexto lugar, a 17 pontos do campeão Atlético, gerido por Antic.
Curiosamente, o Atlético é o seu destino seguinte. Despachado do Real Madrid, sem honra nem glória, Esnaider dá a volta ao texto com o número 9 do arqui-rival e a impressionante marca de 21 golos – mais um penálti falhado (defesa de Van der Sar) vs. Ajax, em Madrid, na segunda mão dos ¼ final da Liga dos Campeões. Se fosse golo, o Atlético seguiria em frente. Como tal, prolongamento no Vicente Calderón, onde Dani se eleva como figura de desequilíbrio com um golo de bandeira a garantir o apuramento do Ajax.
Daí para a frente, Esnaider volta a vestir o 9 no Espanyol, FC Porto e River Plate. Nos outros clubes, contenta-se com o que há: Juventus (34 e 19), Saragoça (15), Ajaccio (14), Murcia (8) e Newell’s Old Boys (15).