Great Scott #857: Quem interrompe a emissão na RTP a meio da primeira final europeia do Benfica, em 1961?
John F. Kennedy
Futebol e política de braço-dado? Nem sempre. Há dias em que a política é mais importante. Como em 1961, no célebre 31 Maio, dia da final da Taça dos Campeões entre Benfica e Barcelona, em Berna.
A RTP transmite a final em directo, com pompa e circunstância. Alves dos Santos é o enviado-especial e empresta o seu conhecimento. O início é periclitante, com 1:0 de Kocsis. A reacção é fantástica, golos de José Águas (30’) e Ramallets (32’, na própria baliza). Ao intervalo, todo o país está animado, o título europeu está a 45 minutos de distância.
Ou não. Como o sinal internacional da televisão está sediado em Paris, a emissão é interrompida para dar a visita em directo do presidente norte-americano JFK à capital francesa. E agora? A RTP organizara um programa desportivo chamado Mesa Redonda para alimentar o intervalo com a presença de Osvaldo Branco, Fernando Caiado e José Torres – quiçá os primeiros comentadores da história desportiva na televisão nacional. Como a emissão é interrompida, o Mesa Redonda continua por aí fora até o sinal voltar. E só volta depois do jogo, depois da entrega da taça ao capitão José Águas.
Sem imagens, o povo português alimenta-se do relato da rádio da Emissora Nacional, a cargo de Artur Agostinho, e vibra com o 3:2 final. Quando a RTP retoma a emissão, já depois da cimeira parisiense entre Kennedy e o homólogo soviético Kruchtchev, uma fatia generosa de Portugal está nas ruas a curtir o êxito internacional.
