Great Scott #874: Quem é o vencedor da F3 alemã em 1992?

Pedro Lamy

Campeão nacional da Fórmula Ford aos 17 anos de idade em 1989, Pedro Lamy soma prestígio lá fora, ajudado por Domingos Piedade. Juntos, forjam uma amizade forte e ambicionam altos voos.

Lamy é campeão da Fórmula Opel Lotus à segunda tentativa, em 1991, e aventura-se, um ano depois, na Fórmula 3 alemã. Com o número 8, ao volante de um Opel, o piloto português dá água pela barba à concorrência e sagra-se campeão a uma corrida do fim, no dia 10 Outubro. Com um total de 12 poles positions, oito voltas mais rápidas e 11 vitórias em 26 corridas, Lamy dá o nó. Domingos Piedade está feliz da vida. ‘Se Deus quiser, o futuro é chegar à Fórmula 1 em 1995.’ – curiosamente, a entrada de Lamy no grande circo é antes do vaticínio de Piedade, em 1993, na Lotus; o primeiro (e único) ponto, esse sim, é em 1995 no GP Adelaide.

De volta à Fórmula 3 alemã, Lamy passa o ano a esgrimir argumentos com Marco Werner. Ao que parece, o alemão é torcido de feitio. Na tal penúltima corrida do ano, Lamy conquista a pole position com quase um segundo de avanço sobre Marco, com o terceiro melhor tempo. Na corrida em si, há a volta de aquecimento e, depois, o sinal verde. Entre um evento e outro, Werner estaciona o carro um comprimento à frente da marca no chão só para ficar mais perto do português e atacá-lo o mais cedo possível.

Cai o sinal verde e a intenção de Werner é adiada pelo australiano Russell Ingall, que partilha a primeira linha da grelha com Lamy. Na segunda chicane, Wener aperta com Lamy e arrebata-lhe o primeiro lugar. No quadradinho seguinte, Lamy faz-lhe o mesmo. No início da segunda volta, a cena repete-se. Na terceira, mais do mesmo. Só que aqui Lamy posiciona-se melhor e não se deixa ultrapassar. As rodas dos dois carros batem-se uma na outra e Werner sai da pista.

Ao ver Lamy a escapar-se, ainda tenta uma última cartada com a roda dianteira do lado direito contra a roda traseira do lado esquerdo de Lamy. Em vão. Lamy segue o seu caminho, Werner parte a suspensão e fura um pneu. Na televisão alemã, o comentador entra em modo mute. Durante duas voltas, nem uma palavra. Palavra de honra. Lamy lidera de fio a pavio, crava o melhor tempo na última volta e celebra com champanhe. ‘Agora vou guiar a sorrir.’