Great Scott #956: Único português a marcar cinco golos na segunda parte ao FC Porto? (em hóquei em patins, claro)

Great Scott Mais 01/24/2024
Tovar FC

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Great Scott #956: Único português a marcar cinco golos na segunda parte ao FC Porto? (em hóquei em patins, claro)

Gamboa

Março 1998, corações ao alto, sticks em baixo, patins a rolar. É só mais um jogo da 1.ª divisão. Ou não é? A pergunta está no ar, tudo depende dos intervenientes. No pavilhão do Paço de Arcos, a equipa local recebe o favorito FC Porto, sem o treinador Vítor Hugo junto à linha, chutado para a bancada por ordem federativa a troco da palavra ‘palhaçada’ proferida no jogo anterior.

Ao intervalo, 1:1. No fim, 7:2. O FC Porto é vergado ao peso de uma goleada impensável, muito por culpa de um só hoquista. Rui Reis, de seu nome. O rapaz marca cinco golos na segunda parte. Cinco, sim senhor. É de categoria. No fim, encolhe os ombros e diz de sua justiça. ‘Não é recorde pessoal, uma vez marquei seis ao Sintra. Há dias assim.’

Ou melhor, há noites assim. Gamboa, diz ele. Rui Reis é nome próprio, Gamboa é nome profissional. ‘Um dia, o meu tio levou-me ao Sporting. Ele trabalha na secção de informática e fiquei enfeitiçado a olhar para o rinque e para os patins. Fiquei estático, o meu tio teve de tirar de lá. A partir daí, comecei a jogar hóquei em casa com o guarda-chuva. Ainda parti algumas jarras.’

O passo seguinte é a inscrição no Sporting. Por 12 épocas, Gamboa joga de leão ao peito e até é convidado pelo inimitável Moniz Pereira para integrar a equipa de atletismo. De repente, a transferência para o Paço de Arcos. ‘Repare, dão-me um subsídio e ainda me pagam a faculdade.’ Gamboa estuda engenharia civil. Exige cálculos e métodos. A jogar, sou calculista. No dia a dia, sou metódico. Não suporto a desordem, até faço a cama todos os dias e arrumo as gavetas.’

E em campo? ‘Sou sempre o único a sair do balneário, não vá alguém ter deixado alguma coisa para trás. Se calhar porque aprendi mais cedo a ter de tomar conta de mim pela morte do meu pai, tinha eu 13 anos.’ E os cinco golos, insistimos? ‘Não me senti imbatível, apenas contente, até porque agora já tenho algo de mais empolgante para contar aos meus netos, um dia.’

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