Great Scott #976: Único jogador a marcar com êxito todos os cinco penáltis de um desempate na final da Taça?
Maddé
A Itália esconde mistérios do best. Como o da primeira final da Taça de Itália resolvida nos penáltis. Estamos em 1970-71, época em que a federação italiana inova no regulamento com a introdução de uma final four em formato de grupo em vez de ½ finais e final.
Acontece taça, por assim dizer. O vencedor do grupo levanta a taça. À partida para a última jornada, só o Nápoles está arredado da luta – e perde 2:0 em Turim vs. Torino. No outro jogo do dia, a 23 Junho, o Milan derruba a então líder Fiorentina por 1:0. Feitas as contas, Milan e Torino empatados em pontos (7).
E agora? Finalíssima em Génova, no dia 27 Junho. Os capitães Ferrini e Rivera, ambos com o 7 nas costas, cumprimentam-se uma vez para a moeda ao ar. E, depois outra, para o prolongamento. E, mais uma vez, para o desempate de penáltis. A baliza escolhida é a da bancada sul, a da Sampdoria, onde saltam os adeptos do Torino – os do Milan assistem ao longe, na bancada norte, a do Genoa.
Ao fim de 120 minutos, 0:0 de bom futebol. O Milan de vermelho e preto às riscas, o Torino de branco. O Milan sem Prati, herói da final europeia vs. Ajax em 1969 com hat-trick. O Torino sem Pulici, mas com Agroppi, o eterno inimigo de Rivera na marcação em cima. Perto dos 90’, o milanista Combin acerta uma bola na trave. Já aos 95’, o suplente Paina marca um golo, entretanto anulado pelo árbitro por fora-de-jogo assinalado por um dos fiscais-de-linha.
Insistimos, 0:0 aos 120 minutos. Golos só de penálti, a partir de agora. O regulamento é largo, e tanto se pode escolher um só jogador para os remates ou vários. Segue-se uma dança engraçada de um herói perfeito, um (outro) herói a conta-gotas e um vilão imperfeito.
Cereser (Torino), defende Belli (Milan)
Rivera (Milan), 1:0.
Maddé, 1:1
Rivera, 2:1.
Maddé, 2:2.
Rivera, 2:3.
Maddé, 3:3.
Rivera, defende Castellini (antes da marcação, Agroppi vai à área e perturba o capitão milanista com queixas ao árbitro Francesco Francescon no que à posição da bola diz respeito).
Maddé, 4:3.
Rivera, defende Castellini.
Maddé, 5:3. Isso mesmo, o Torino levanta a Taça de Itália e entra na Taça das Taças 1971-72. Por obra e graça de um suplente chamado Sergio Maddé, curiosamente formado no Milan e campeão italiano de juniores em 1965.
Ainda joga na equipa principal um total de 56 jogos, o primeiro dos quais vs. CUF, no Barreiro, para a Taça das Cidades com Feira. Sai em 1967 para Alessandria (2.ª divisão), depois Torino (1.ª), Verona (1.ª e 2.ª), Mantova (1.ª), Cesena (2.ª) e Nocerina (3.ª). Como treinador, Maddé faz mais carreira a adjunto de Osvaldo Bagnoli (Verona, Genoa e Inter).