Great Scott #1001: Quem é o treinador campeão italiano de juniores pelo Cesena em 1982?
Sacchi
É a magia do futebol de formação. Em 1982, enquanto a selecção sénior da Itália passa da dúvida à certeza, de uma fase de grupos só com empates até à conquista do Mundial com seis golos de Rossi nos últimos três jogos, uma equipa de juniores dá nas vistas como campeã nacional inédita.
É o Cesena, treinado pelo então desconhecido Sacchi. No seu terceiro ano de formação no clube, os jogadores já conhecem de ginjeira os quatro mandamentos de Arrigo: pressing, fora-de-jogo, zona, diagonais. Nessa pré-época em 1981, o Cesena treina duas / três vezes por dia. Durante a época propriamente dita, sete treinos por semana. A carga só é atenuada pelos estudos. ‘Primeiro a escola, depois o futebol’ é o lema de Sacchi.
O plantel do Cesena reúne miúdos nascidos em 1963 e 1964, com duas excepções (Righetti 1965) e Tondi (1960), este último o capitão. O arranque é fantástico, 11 vitórias seguidas. Segue-se a única derrota da época, vs. Bolonha, no final da primeira volta. Feitas as contas à primeira fase, o Cesena acaba com o ataque mais certeiro (74) e a defesa menos batida (9) de todos os cinco grupos. É líder, naturalmente, à frente da Fiorentina.
Na ½ final, o Cesena continua a deslumbrar e elimina o Inter. Só falta o Avellino, na decisão. Quem sucede à Udinese?, eis a questão. A primeira mão é fora, em Irpinia, onde um tremor de terra sacudira há uns meses e colocara a pequena cidade no centro do mundo. ‘Por medo de outro terramoto, a dona da pousada onde estávamos não dormia em casa e preferia a companhia dos hóspedes. Na véspera do jogo, e como já era hábito, demorei a adormecer. Quando o fiz, comecei a sonhar e tive um pesadelo. Soltei um grito tão alto que a senhora julgou tratar-se de um terramoto e saiu nua da pousada para a rua.’
Umas horas depois, com todos os intervenientes devidamente equipados, o Cesena ganha avanço por 1:0, cortesia de Agostini. Na segunda mão, a 20 Junho, em casa emprestada (Ravenna), o Cesena volta a ganhar pela margem mínima. O golo é de Marco Rossi. Seis anos depois, Sacchi é contratado por Berlusconi e o Milan conquista seis títulos internacionais em dois anos, entre duas Taças dos Campeões (vs. Steaua e Benfica), duas Taças Intercontinentais (vs. Nacional e Olímpia) e duas Supertaças (vs. Barcelona e Sampdoria).