Great Scott #1050: Último golo europeu do FC Porto sem transmissão televisiva em directo?
Postiga
A epopeia do FC Porto na Taça UEFA 2002-03 é um filme digno de ser visto. E revisto. A qualidade de jogo, os resultados autoritários e a reviravolta vs. Panathinaikos em Atenas fazem parte de um roteiro grandioso.
Agora escolha no sorteio da ½ final entre Celtic, Lazio e Boavista. Ah pois é, o Boavista de Jaime Pacheco também lá anda. As bolas capricham e dá Lazio nas Antas e Celtic no Bessa. A perspectiva de um dérbi portuense na final de Sevilha é uma doce realidade.
A primeira mão no Porto é um hino ao improviso, porque o FC Porto recusa a oferta da TVI na ordem dos 90 mil euros da transmissão do jogo em directo e mais 250 mil em publicidade – em Março do ano anterior, por ocasião do particular Portugal vs. Brasil no José Alvalade, a mesma TVI oferecera 100 mil euros.
O nó está apertado e ninguém o desata, o FC Porto vs. Lazio joga-se mesmo sem televisão – em Portugal, queremos dizer, porque o FC Porto chega a acordo com a emissora italiana RAI. E agora? No pasa nada a rádio trata do assunto. Como sempre, aliás.
E é um jogo memorável para quem o vê. Ao vivo, nas Antas, claro. A Lazio começa melhor e marca pelo argentino Claudio López com um remate de primeira na sequência de um cruzamento da esquerda pelo lateral Favalli. Nos festejos, só há um jogador quieto e mudo (Fernando Couto).
O FC Porto nem sente o golpe. Ou assim parece. O empate é de Maniche, num remate fora da área mais em jeito do que em força, com Peruzzi ainda a tocar na bola – é bom lembrar que esta Lazio elimina o Benfica na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, com 3:1 em Roma e 1:0 no Bessa, campo neutro pelas obras da nova Luz.
Antes do intervalo, Derlei dá a volta ao marcador, de cabeça, após canto de Deco na direita. Na segunda parte, o FC Porto completa a faena com dois golos seguidos, um de Derlei, em recarga a uma defesa incompleta de Peruzzi a um livre potente de Deco, e outro de Postiga, num remate com o pé direito ao poste mais próximo em resposta a uma tabelinha com Maniche.
Até final, só mais uma incidência digna de registo, aos 90’+3, com o impedimento de Mourinho a um lançamento lateral relâmpago de Castroman. O argentino esboça uma reacção física sobre o treinador português e os dois acabam pegados. Assunto resolvido em três tempos pelo árbitro grego Vassaras: amarelo para Castroman, vermelho para Mourinho – e vê a segunda mão desde a bancada, no Olímpico de Roma, num jogo transmitido em Portugal.