O sexto representante dos PALOP

Mais Shaken, Not Stirred 06/19/2020
Tovar FC

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O sexto representante dos PALOP

Nunca. Nunca me passa pela cabeça aparecer na televisão. Talvez por timidez, talvez por sopinha de massa, talvez por respeito. Talvez. O meu sonho de sempre é escrever. Para falar e para aparecer, é o meu pai. Que me convida no final dos anos 90 para fazer relatos na Eurosport, pertença ainda à RTP. Desculpo-me com o trabalho no Record e as aulas na UAL (essa é boa, ahahahah). Mesmo quando me ligam da TVI ou SIC para ir fazer a revista de imprensa, desmarco-me sempre ou então adio a resposta por uma horas. O meu pai, fulo da vida. Até porque os produtores teimam em ligar-lhe primeiro para pedir o meu número de telemóvel. Ou seja, o meu pai convence-se da minha ida à tv. E não vou. É assim durante anos (impõe-se aqui um Mutley). No hard feelings, ele (o meu pai) compreende a minha aversão. Que só se altera em 2014. Falo a última vez com o meu pai no dia do Argentina-Suíça, 1/8 final do Mundial do Brasil. Da Quinta dos Barros ao Itaqueirão, é uma chamada longa. Como sempre. Bola, bola, família e mais bola. Sentado uns lugares à minha direita, Alexandre Santos da RTP. Os acontecimentos trágicos precipitam-se e nem me lembro mais do Mundial. Nem do Alex. Que me telefona em Agosto com uma proposta de trabalho: programa de duas horas em directo na RTP1, chamado 4x4x3. Ele é o pivot, Jorge Andrade e Jose Nunes os companheiros de luta. Aceito-o sem pestanejar. Inexplicavel, nem adio ou nego. Mal desligo o telefone, arrependo-me. Por nervosismo do sair-me bem ou… A ideia atrapalha-me. No primeiro dia, então, é um formigueiro dentro de mim. Help. Entro na sala de maquilhagem e ouço o Jorge Andrade a falar com uma produtora angolana da RTP. Cinco, seis, cinco, seis. Em causa o número de países africanos de língua oficial portuguesa, A produtora cita os cinco: Angola um, Moçambique dois, Cabo Verde três, São Tomé quatro, Guiné-Bissau cinco. Jorge Andrade defende o sexto. Amadora, de onde ele é natural. E ri-se à grande. É a minha cura para o nervosismo.

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