Great Scott #143: Quantos jogos acumula Eusébio pelo Real Madrid?

Great Scott Mais 10/22/2020
Tovar FC

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Great Scott #143: Quantos jogos acumula Eusébio pelo Real Madrid?

Um

Madrid me mata. A 14 Dezembro 1972, a expressão ganha ainda mais força com a homenagem a Paco Gento no Santiago Bernabéu. Às nove da noite, 70 mil pessoas ovacionam o extremo mais rápido do mundo, dono de um palmarés impressionante no Real Madrid, com seis Taças dos Campeões, 12 Ligas espanholas, duas Taças de Espanha e uma Taça Intercontinental.

Para celebrar a despedida de Gento, a coincidir no dia do 25.º aniversário da inauguração do Santiago Bernabéu (3:1 ao Belenenses), o Madrid convida novamente o Belenenses e ainda cinco estrelas mundiais para acompanhar o homenageado. Os eleitos são o húngaro Ferenc Bene (Ujpest Dozsa), o romeno Nicolae Dobrin (Arges Pitesti), o alemão Franz Beckenbauer (Bayern Munique), o jugoslavo Dragan Dzajic (Estrela Vermelha) e o português Eusébio (Benfica).

Só o Kaiser Franz não pôde ir, culpa do calendário da RFA. Do outro lado, o Belenenses com um só internacional português, o guarda-redes Félix Mourinho. À sua frente, Parreira, Calado, Freitas, Cardoso, Godinho, Quinito, Quaresma, Laurindo, Luís Carlos e o paraguaio González. É o actual segundo classificado do campeonato nacional, dois pontos à frente do Sporting (3.º) e sete do FC Porto (9.º).

O líder, esse, é naturalmente o Benfica de Eusébio. Em 14 jornadas só vitórias e um inacreditável 48-5 em golos. Desses 48, qualquer coisa como 19 pertencem a Eusébio, que, por essa altura e já com 30 anos, continua a fazer das suas, a avaliar pelo póquer ao Sporting num 4-1 na Luz em Outubro e mais dois hat-tricks vs Leixões e Beira-Mar em três semanas. Na capital espanhola, o Madrid não anda nada bem. Perde o dérbi com o Atlético em casa e também em Camp Nou. No domingo anterior é varrido em Bilbao pelo Athletic. A homenagem a Gento é a uma quinta-feira e os adeptos comparecem em massa.

O jogo em si é uma festa, a um ritmo alucinante. Aos 15 minutos, o central belenense Freitas derruba Bene na área. É penálti, prontamente assinalado pelo espanhol Camacho. Chega a hora de Gento, autor de 253 golos oficiais e oficiosos desde 1953. Na baliza está Félix Mourinho, perito em defender penáltis (Eusébio, Yazalde e Matateu). “Aquilo não foi penálti”, graceja Mourinho, “mas era o jogo de despedida do Gento e ele lá teve de marcar o golo da ordem.” Golo, então? “Foi cá uma berlaitada…”

Em vantagem, o Madrid continua avassalador. Cinco minutos mais tarde, Eusébio é carregado na direita. Do respectivo livre encarrega-se Bene com um cruzamento largo, para o meio da área, onde surge Pirri a cabecear com êxito. É a altura ideal para a substituição de Gento, tremendamente ovacionado depois de cumprimentar individualmente os jogadores da sua equipa. Aproveita o Belenenses para se adiantar no terreno e o golo aparece aos 79’, obra de Quaresma, com um toque subtil por cima do guarda-redes suplente Junquera, após passe de Luís Carlos.

Acaba 2:1 para o Real Madrid. Todos os reforços jogam os 90 minutos e ninguém acusa o esforço na jornada do domingo seguinte, menos de 72 horas depois. Vejam lá o caso do Belenenses treinado pelo argentino Alejandro Scopelli, imperador no Dom Manuel de Melo com 5:1 ao Barreirense (bis de Luís Carlos e de González mais uma contribuição de Laurindo). Ou então vejam o exemplo de Eusébio. Chega a Lisboa na sexta-feira para treinar e decide com um golo no Montijo (1:0).

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