Que tal o Mascherano?

Fim do monólogo, Barcelona 3 ManUnited 1 em Wembley para a final da Liga dos Campeões 2010-11. O domínio do Barça é mais-que-evidente. E há dois indícios dessa superioridade avassaladora. O primeiro tem a ver com a estratégia de Ferguson, que ainda se levanta do banco e gesticula na linha lateral durante a primeira parte. Já na segunda, o escocês atira a toalha ao chão, derrotado antes de tempo. E assiste ao jogo do Barça de perna cruzada, refastelado na sua cadeira. Às tantas, decide-se pela entrada de Paul Scholes (atenção, este é o segundo indício). O cenoura prepara-se para substituir alguém, quem? Ninguém sabe, porque a bola simplesmente não sai de campo e, claro, a placa não é levantada. Xavi, Iniesta, Xavi, Busquets, Xavi, Piqué, Messi, Pedro, Dani Alves, Pedro, Xavi, Messi, ainda Messi, Pedro, Iniesta, Busquets, Abidal, Xavi, Iniesta, Xavi, Iniesta, Messi. A bola obedece-lhes. E, na linha lateral, Scholes abana as pernas, estica os braços, relaxa o pescoço, exercita a cabeça. Faz tudo, menos entrar em campo. Porque a bola ainda continua a bailar. Acreditem, a bola só sai ao fim do quarto minuto e lá entra Scholes. Nada adianta. Game over, 3-1. Venha de lá essa conferência de imprensa. O primeiro é Ferguson. Que ainda não fala inglês, só escocês. Todo enrolado, chi-ça. As palavras agrupam-se umas nas outras e só entendo algumas delas. O início e o fim. Pelo meio, já me perdi. Por exemplo, ele não diz time e sim taaaime. Se acha isto delirante, o que dizer disto? Há um jornalista inglês a levantar o braço, sinónimo de hiperactividade para desenvolver uma pergunta com princípio, meio e fim. Ou não. “Se Sir Alex quisesse reforçar a equipa para a próxima época e se pudesse escolher um jogador do Barcelona e se ele aceitasse a proposta do United, qual escolheria?” Se, se, se… Alex fulmina-o com o olhar. Um segundo, dois, três. E dispara: “Nunca ouvi uma pergunta tão estúpida na minha vida. Mas vou responder à altura: que tal o Mascherano?”