Great Scott #197: Quantos russos no onze da URSS campeã europeia em 1960?
Nove
Há duas camisolas que metem respeito só de se olhar para elas. Uma é a da RFA, toda branca, apenas com o símbolo da federação alemã a dizer Deutscher Fussball-Bund (ui, que arrepio na espinha). A outra é a da URSS, toda vermelha e com aquelas quatro letras brancas espalhadas pelo peito: CCCP (em russo, é qualquer coisa indecifrável, e nem este programa de computador que usamos o lê; em português é URSS, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Durante 69 anos, as camisolas CCCP, fossem vermelhas ou brancas, intimidam muito boa gente em relvados pelo mundo fora. A essa característica junta-se uma outra, a do talento natural dos seus jogadores, intérpretes de um futebol ora calculista, como em 1958 (com treinos cronometrados e espionagem, algo impensável para a época), ora futurista, como em 1988, ano em que o seu domínio lhe vale o epíteto de futebol de 2000, na sequência do 2:0 à Itália, na ½ final do Europeu, em que a posse de bola é de 72%.
Essa URSS que vai de 1922 até 1991 é derrubada por três heróis:
- Chalana, naquele penálti assim-assim em 1983 rumo ao Euro-84
- Rocky Balboa, naquele combate de 15 assaltos com Ivan Drago em 1985
- Van Basten, com aquela tesourada na final do Euro-88
Isto sem esquecer Mikhail Gorbatchov, proclamador de dois projectos inovadores – perestroika (reconstrução económica) e glasnost (transparência política). O fim da Guerra Fria, com a assinatura do tratado que limita os arsenais atómicos de EUA e URSS, implica a contagem regressiva da URSS. O fim anunciado acontece no dia de Natal de 1991, numa cerimónia transmitida por satélite para o mundo inteiro.
Gorbatchov (um cidadão russo, por sinal) oficializa o fim da URSS. Adeus à presidência. E à bandeira com a foice e o martelo. Desaparece a URSS e nascem 15 estados independentes (Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Estónia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Letónia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e Usbequistão).
Desaparece a URSS, e a selecção soviética, claro. De 1991 para cá, só Rússia em 2002 e Ucrânia em 2006 se apuram para o Mundial. O futebol da extinta URSS perde a força e até expressão, à excepção do Euro-2008 com Zhirkov, Arsahvin, Pavlyuchenko e outros que tais. Por falar em Europeu, a URSS é a primeira campeã. Em 1960, em França. Do onze titular na final vs Jugoslávia, há nove russos. A saber.
Yashin (Rússia)
Chokheli (Geórgia)
Maslyonkin (Rússia)
Krutikov (Rússia)
Voinov (Rússia)
Netto (Rússia)
Metreveli (Rússia)
Ivanov (Rússia)
Ponedelnik (Rússia)
Bubukin (Rússia)
Meskhi (Geórgia)
Seleccionador Kachalin (Rússia)