Great Scott #262: Primeiro português com golos por três clubes na selecção?

Great Scott Mais 04/07/2021
Tovar FC

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Great Scott #262: Primeiro português com golos por três clubes na selecção?

Peres

Herói do título de campeão português do Sporting em 1966 com aquele golo de cabeça ao Vazrim na Póvoa, o extremo Peres é o primeiro português a sagrar-se campeão no Brasil, ao serviço do Vasco da Gama, em 1974. Entre esse hiato temporal, é homem para marcar por três clubes.

Primeiro, pelo Belenenses, a 4 Junho 1964, em São Paulo, para o Torneio Cinquentenário da Confederação Brasileira. Ainda mal refeita do 5:1 do anfitrião Brasil na jornada de abertura, a Inglaterra encolhe-se. Aproveitaremos essa goleada para assumir o estatuto de favorito? Nem por isso, embora o golo de Peres à beira do intervalo nos mostre o caminho. O pior é a segunda parte. A Inglaterra empata por Hunt e o árbitro brasileiro Armando Marques anula um golo a Torres, por fora-de-jogo posicional de Coluna. A confusão instala-se, até porque um dos fiscais-de-linha valida o golo com uma corrida para o meio-campo mal a bola entra na baliza de Banks. Segue-se um sururu do pior e Torres agride o árbitro. Assim mesmo, sem ses nem meio ses. È expulso, naturalmente. Como se isso fosse pouco, Peres mais Eusébio lesionam-se e Portugal acaba feito num oito.

O segundo capítulo de Peres já é em representação da Académica, vs Grécia, a 4 Maio 1969, nas Antas (2:2). Se reticências há quanto ao apuramento de Portugal para o Mundial-70, os gregos tratam de as dissipar com um surprrendente empate. É um dia de futebol por excelência, com o título de campeão da 2.ª divisão para o Barreirense (2-1 ao Boavista com um golo de Eusébio) e a subida do Estoril à 3.ª. Só a selecção é que falha o objectivo. E de que maneira. Ao intervalo, nada de nada, nem bom futebol, 0-0. Na segunda parte, a Grécia alimenta a esperança da qualificação com dois golos em seis minutos. Aparece então a figura Peres. È dele o passe para o 2:1 de Eusébio e é seu o 2:2. Sem paciência para as tácticas de José Maria Antunes, a imprensa portuguesa pede a demissão do seleccionador. Até o árbitro tunisino Ben Ali está deprimido com a selecção. “Pelo que vi na televisão, entre o Mundial-66 e os jogos europeus do Benfica, esperava muito mais de Portugal. Que decepção.”

O terceiro e último capítulo de Peres é pelo Sporting, a 21 Novembro 1971, na Luz, vs Bélgica (1:1). Se é reconfortante depender apenas de nós próprios, a verdade é que a obrigatoriedade de vencer por dois golos de diferença cria um estado de espírito pouco recomendável para a consecução da tarefa em vista. Claro, é o mundo dos ses. E se o árbitro tivesse assinalado penálti do guarda-redes Piot sobre Eusébio antes do minuto 10? E se marcassémos esse penálti? E se a Bélgica marca primeiro? Pois, o toque da realidade é tramado. Contra a corrente do jogo, Lambert apanha uma bola a jeito e, sem ninguém à ilharga, atira a contar. É um balde de água e desaba o sonho da qualificação para o Euro-72. Nem com a novidade da convocatória do trintão José Torres a selecção é capaz de dar uma alegria. E salve-se o empate em cima dos 90′, de penálti (este sim, apitado por Burns), marcado por Peres. Enfim, o fado do costume: para a próxima é que é.

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