Great Scott #364: Quem é o guarda-redes português alcunhado de Renfe em Espanha pelos pontapés de baliza a baliza?
Carlos Gomes
Carlos Gomes na primeira pessoa é uma delícia. Ei-lo. “Quando jogava no Oviedo, o Sporting quis negociar o meu passe e convidei o clube espanhol para jogar em Lisboa, de forma a acelerar as negociações. Disse ao Oviedo que não, só jogaria em Lisboa se fosse com o Benfica. Assim foi. Na Luz, perdemos 1-0. Para não perder mais tempo, regressei de imediato às Astúrias, onde me informaram quer a minha companheira tinha sido levada a uma clínica, com um aborto natural e inexplicável (sou contrário ao aborto, ainda que compreenda que, numa sociedade tão desigual e injusta, muitas vezes não há remédio)” “Foram dois bons anos no Oviedo, só que me apercebi que os meus dias estavam contados com a crescente realização dos jogos nocturnos. A miopia, já por mim constatada, ia aumentando e era terrível à noite. Naquele desafio específico, em Bilbao, sofri sete golos hermosos, o que deu origem a que Vázquez Prada, numa crónica humorística, me tenha chamado D. Carlos Goles em vez de D. Carlos Gomes”
A outra alcunha é Renfe. “Saí do Sporting, finalmente, e assinei pelo Granada, da 1.ª divisão espanhola. Quem me levou foi o Scopelli. Recebi rapidamente algumas alcunhas. Por exemplo, quando atirava a bola de baliza a baliza era a Renfe (a CP espanhola). Como escrevia para o jornal A Bola, aproveitava para tear fogo e exercer a minha pequena vingança nos directores do Sporting. Era a guerra à distância, valia tudo. «Porque te vestes de preto? Era uma pergunta frequente. E a resposta, como tantas outras, causava enorme alegria nos meus oprimidos compatriotas: ‘Visto-me de preto porque enquanto o futebol nacional estiver nas mãos dos doutores está de luto”