Great Scott #435: Primeiro português a jogar com uma fita na cabeça?

Great Scott Mais 12/08/2021
Tovar FC

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Great Scott #435: Primeiro português a jogar com uma fita na cabeça?

José Rachão

Filho de uma doméstica de Setúbal e de um empresário de Matosinhos, a vida de José Rachão começa em Peniche, onde o casal se conhece e divide casa. Aos 13 anos, começa a jogar federado no Grupo Desportivo de Peniche e, aos 14 anos, já está lançado para altos voos.

A Académica cobiça-o, o Benfica antecipa-se. ‘Recebemos uma carta do Benfica no correio a pedir que fosse fazer testes à Luz. O meu pai achava tudo aquilo uma farsa, uma piada, de alguém mal-intencionado. Eu acreditei na carta e fiz-me ao caminho. Apanhei boleia para Lisboa num carro que todos os dias ia buscar gasóleo a Lisboa. Apresentei-me na Luz com um par de botas e uma mala.’

E agora? ‘Treinei 20 minutos e mandaram-me logo assinar contrato’. Por 50 contos, o Peniche cede o meu passe aos juvenis do Benfica e Rachão passa a viver no lar do jogador, ao lado de figuras irrepetíveis como Shéu, Eurico e João Alves. Faz o seu caminho e até é nomeado capitão de equipa.

Em 1971, o Benfica empresta-o ao Peniche, então na 2.ª divisão. No ano seguinte, repete-se o movimento do empréstimo, agora para o Montijo, juntamente com Alves. Os dois partem a loiça e fazem história na 1.ª divisão. Rachão joga quatro épocas e faz história na vida pessoal. É no Montijo que conhece a mulher Cecília, de quem tem duas filhas (Sónia e Paula).

Em 1976, vai finalmente para a Académica. Em Coimbra, no tempo do PREC, encontra figuras do alto como Gervásio e os irmãos Campos. Na estreia, a 5 Setembro 1976, Juca escolhe Rachão para o onze da Académica vs Vitória FC. À saída do balneário, Rachão apresenta-se com fita na cabeça. Juca torce o nariz. ‘Disse-me que não o podia fazer. Respondi-lhe que ou jogava de fita ou voltava para o Montijo. Na segunda parte, marquei o 2:0 num remate fora da área. Corri para o banco e disse ao Juca que a partir de agora ia jogar sempre de fita.’

A fita é mesmo para sempre. Seguem-se aventuras pelo Vitória FC (1977-78), Académico de Viseu (1978-79), Portimonense (1979/81), Farense (1981-82) e Leixões (1982-83). Nessa última época, Rachão é convidado para treinador do Leixões. Palavra puxa palavra, Rachão aceita e, aos 29 anos de idade, envereda pela carreira do banco. O seu ponto alto é a conquista da Taça de Portugal 2005 pelo Vitória FC (2:1 de virada vs Benfica de Trapattoni). Já sem a fita.

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