Great Scott #471: Único jogador com quatro números de camisola em quatro finais internacionais?
Guardiola
A escola Ajax dá cartas em todo o mundo. Veja-se o caso do Barcelona a partir do momento em que Johan Cruijff assume o cargo de treinador em 1988. Com o holandês ao comando, a táctica muda e a numeração acompanha essa evolução. O 1 é o guarda-redes, menos mal. Depois, a linha defensiva de três reúne os números 2, 3 e 5. No meio, 8, 4 (mais recuado), 6 e 10. No ataque, 7, 9 e 11. Claro, há nuances. Tudo depende do jogador e seu capricho.
Veja-se um caso, o de Koeman. Quando sai do PSV para o Barcelona, pede o 4 e o 3 sobe no terreno, por assim dizer. Veja-se outro caso, o de Stoitchkov. Quando sai do CSKA para o Barcelona, pede o 8, o do infinito. Vontade lhe seja feita e faz-se uma troca com o 11. Veja-se ainda mais um caso, o de Romário. Quando sai do PSV para o Barcelona, começa a jogar com o 10 – logo ele que é o 9 no PSV e o 11 na selecção brasileira.
Isto para dizer o quê? Cruijff chega a três finais europeias, duas das quais com Guardiola no onze – a única sem Pep é a da Taça das Taças 1989, vs Sampdoria. De resto, Guardiola joga sempre. E nunca com o mesmo número- Génio e figura. Tanto Cruijff como Guardiola.
Na final da Liga dos Campeões 1992, novamente vs Sampdoria, é o 10. Michael Laudrup é o 9, outra novidade numérica. Dois anos depois, outra final da Liga dos Campeões, agora vs Milan. O modelo Cruijff muda consideravelmente e já se joga com quatro defesas. O lateral-esquerdo é Sergi, o 7. Então e o 3? No meio-campo, tchan tchan tchan tchaaaaan, Guardiola.
Sai Cruijff, entra Robson. Uma só época em Barcelona garante-lhe o céu com três títulos em quatro possíveis – falha tão-só a Liga espanhola, a favor do Real Madrid de Secretário (e, vá, Capello). De resto é um ver-se-te-avias bem poético com Supertaça espanhola (aquele nó cego do Ronaldo fenómeno na linha de fundo, madre mía), Taça do Rei (aquele bis de Figo vs Betis em pleno Santiago Bernabéu, hombre) e Taça das Taças.
Em Roterdão, o teimoso 0:0 só se desata graças a um penálti de Ronaldo. No 11, o 4 é Guardiola. Portanto, 10 em 1992, 3 em 1994 e 4 em 1997. Só nos falta acrescentar uma final de Pep, a dos Jogos Olímpicos 1992, precisamente em Barcelona, no Estádio Olímpico em Montjuic. Acaba 3:2 vs Polónia de Juskowiak e Guardiola é o 9.
Lá está, o falso nove que tanto apregoa nas suas equipas de topo, seja Barcelona, Bayern ou City. Curiosamente (ou não), 9 continua a ser o número de Guardiola na selecção espanhol durante o Mundial-94, nos EUA.