Great Scott #795: Único árbitro português a expulsar KH Rummenigge?

Francisco Silva

É a feijões, e então? Conta, não conta? Claro que sim. Estamos em Fevereiro 1989, dia 21. Há grandes jogatanas lá em baixo entre algarvios e suíços.

Em Loulé, o Étoile Carouge ganha claramente por 3:0 vs. Louletano. Só para se perceber a dimensão do Louletano, então a discutir com o União da Madeira o título de campeão da zona sul, há ali craques do nosso contentamento como Vítor Pontes, Balacó e Rui Esteves.

Só que o Étoile é mais forte e o Louletano acerta dois penáltis na trave. É verdade, dois. E ambos na segunda parte, já com 2:0 no marcador. Horácio (português) e Henrique (brasileiros) fazem pontaria à séria.

Ali ao lado, em Faro, o Farense ganha o dia vs. Servette. Um golo solitário de Ribeiro resolve o prélio, à beira do intervalo (44’). À partida, o jogo é de treino, só para exercitar. O problema é a falta de classe do Servette.

Veja-se lá bem isto ao minuto 70: Karl-Heinz Rumennigge, capitão da RFA nas finais perdidas dos Mundiais 1982 e 1986, sempre com 11 às costas, passa-se dos carretos e agride o farense Lenine sem bola. O árbitro Francisco Silva vê o mostra-lhe o cartão vermelho.

Rummenigge sai cabisbaixo, ciente do seu acto malvado. E o Servette, como reage? Seis minutos depois, as bancadas do São Luís começam a assobiar e Francisco Silva interroga-se. E dá-se conta de uma marosca inconcebível: o Servette faz entrar Colletti à revelia de todos para repor o número de 11 jogadores em campo.

Francisco Silva mostra-lhe o amarelo e devolve-o ao banco de suplentes, de onde sairia aos 80’ para substituir Epar (agora sim, troca por troca). No uso da palavra, Francisco Silva está chocado. ‘É incompreensível que uma equipa deste gabarito tente enganar o árbitro, vou ter de reportar este incidente à FIFA.’ Com nove golos espalhados por três Mundiais, o currículo de Rummenigge inclui também uma expulsão em Faro antes de se despedir do futebol nesse ano de 1989.