Great Scott #923: Único árbitro a expulsar John Mortimore?

Miranda Dias

À falta de três jornadas para o fim da 1.ª divisão 1985-86, o Benfica visita o Restelo com a obrigação de ganhar para manter a liderança isolada com um ponto de avanço sobre o Porto.

O dérbi é renhido, emocionante até. E, claro, tenso. Aos 33 minutos, o Benfica protesta um penálti cometido por Alberto sobre Rui Águas. Aos 51’, o mesmo Alberto mete mão à bola (é mais o cotovelo esquerdo) e o árbitro Miranda Dias, agora sim, assinala a marca dos 11 metros. Chamado a bater, Manniche engana Jorge Martins e fixa o resultado.

À falta de 15 minutos, a emoção continua a pairar. Tal coma tensão. Vai daí, o belenense Paulo Monteiro e o benfiquista Pietra engalfinham-se numa jogada pela linha lateral. Miranda Dias vai ao bolso e puxa do cartão vermelho para os dois. O treinador inglês John Mortimore passa-se dos carretos e também protesta airosamente. As palavras atropelam-se umas atrás das outras. Toma lá um vermelho. ‘Nunca tinha visto um cartão na carreira, fica para a história.’

A história tem o seu quê de especial: Mortimore apanha um jogo de castigo e não vai a jogo na semana seguinte, vs. Sporting, na Luz. O Benfica perde o dérbi em casa pela primeira vez desde 1965 (é o adjunto Toni quem está no banco) e o Porto assume-se como líder da 1.ª divisão, a 90 minutos do fim. No quadradinho seguinte, o Porto é campeão nacional. Daí a nove meses, é campeão europeu. Culpa de Miranda Dias? Você decide.