Great Scott #998: Único jogador a ocupar todos os três lugares na eleição do golo do ano na Alemanha?
Schuster
Na lista de bad boys dos anos 80, é obrigatório o nome de Bernd Schuster. O alemão é uma peça rara, amigo do seu amigo (muito até, que o diga Futre no Atlético Madrid) e também conflituoso até mais não com treinadores, presidentes e até adeptos.
Basta ver a sua tomada de decisão aquando da substituição a meio da final da Taça dos Campeões 1986: sai do estádio e apanha um táxi para o aeroporto ainda antes dos penáltis entre Barcelona e Steaua, em Sevilha. Há de tudo, bom e mau. Schuster é um bico de obra. Quando o avançado espanhol Quini é raptado, Schuster nega-se a treinar e a jogar enquanto o refém não for libertado. Chovem críticas ao seu comportamento, nos primeiros dias. Depois, bem depois, há uma onda de solidariedade dos jogadores, os do Barcelona, de onde são Quini mais Schuster, e também das outras equipas.
Schuster é um íman humano, está bom de ver. Ainda por cima, é excêntrico ao ponto de se fazer representar pela sua mulher (Gaby) e recusar-se a representar mais a RFA a partir de 1984, aos 24 anos de idade, por constantes conflitos internos entre jogadores (KH Rummenigge, Stielike e Breitner) mais seleccionador (Derwall), já depois de se ter negado a jogar vs. Irlanda do Norte e Albânia, no apuramento para o Euro-84, por querer assistir ao nascimento de Sarah, o terceiro filho do casal.
Dez anos depois, já com o peso da idade a ditar a reforma e de volta à Alemanha, ao serviço do Bayer Leverkusen, após um périplo de 13 anos bem sucedidos em Espanha entre as três melhores equipas (Barcelona, Real Madrid e Atlético Madrid), com as quais levanta sempre Taças do Rei, o sensacional Schuster ainda provoca alegrias a muito boa gente.
Dúvidas? O ano 1994 dissipa-as por completo, com Schuster a ocupar todos os três lugares do pódio na votação do golo do ano na Alemanha, um concurso muito popular estabelecido pelo canal televisivo ARD desde 1971.
O primeiro golo do mês eleito de Schuster é um espantoso vólei em Abril, mais precisamente no dia 2. vs. Karlsruhe (guarda-redes é Kahn). O segundo golo do mês é em Agosto, vs. Eintracht, num chapéu de aba larga, pouco depois do meio-campo. E o terceiro é em Dezembro, vs. Katowice (Taça das Taças), num livre directo-espécie de canto.