2000, Real Madrid vs Valencia

Ainda hoje me lembro melhor da conferência de imprensa do Real Madrid, no meio de Paris, sei lá onde, do que propriamente da final, no Stade de France, onde Éder iria dar a maior alegria a Portugal daí a 16 anos.

No uso da palavra, nada a dizer sobre as palavras de Del Bosque e Roberto Carlos. Cada um fala de forma económica e burocrática, ‘que o Valencia é isto, o Real Madrid é aquilo, a bola é redonda’ e essas coisas. Quando acaba a converseta do costume, o insólito. Del Bosque, como bom chefe de família, volta pela porta de onde entrara, enquanto Roberto Carlos enfrenta a multidão de jornalistas. Dribla toda a gente na sala como se fosse um extremo e vai direito a um conhecido/amigo, também ele jornalista e de gravador em punho.

Da Marca, do As, do El Pais, eis a questão. Por acaso, passo ao lado deles no preciso momento em que Roberto saca um molho de notas de francos franceses e diz ao comparsa no tom mais descontraído deste mundo e do outro ‘compra o máximo de camisetas com o meu nome’. Acto contínuo, parte-se a rir. É Roberto Carlos no seu melhor.

A final em si, a primeira da Taça/Liga dos Campeões com equipas do mesmo país, é de sentido único. Ganha fácil o Real Madrid por 3:0, golos de Morientes (cabeça), McManaman (vólei) e Raúl (finta Cañizares e faz uma faena a Pellegrini, acho). É o primeiro título de Del Bosque e é também a primeira vitória do Real Madrid vs Valencia em 1999-2000, após derrota no Bernabéu (2:3) e empate no Mestalla (1:1) para a Liga espanhola.

Nada sei sobre o sucesso da missão do tal jornalista na gestão dos francos franceses em camisetas, tenho a certeza é do sorriso largo de Roberto Carlos na viagem de regresso.